Trump envia carta a chefes de Estado anunciando novas tarifas de 25% a 40%

Atualizado em 7 de julho de 2025 às 20:05
Donald Trump, presidente dos EUA, anunciando o primeiro “tarifaço”. Foto: reprodução

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, enviou nesta segunda-feira (7) cartas a 14 parceiros comerciais estabelecendo tarifas de importação que variam de 25% a 40%, com vigência a partir de 1º de agosto. A medida foi divulgada em seu perfil na rede Truth Social e atinge economias como Japão, Coreia do Sul e África do Sul, além de nações do Sudeste Asiático.

As cartas seguem um modelo padrão no qual Trump afirma que as tarifas refletem a “força e do compromisso” dos EUA e destaca abertura para negociações, apesar do déficit comercial.

Em mensagem ao primeiro-ministro japonês, Ishiba Shigeru, ele escreveu: “A partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Japão uma tarifa de apenas 25% sobre todos os produtos japoneses enviados aos Estados Unidos, separadamente de todas as tarifas setoriais. Entenda que os 25% são muito menos do que o necessário para eliminar a disparidade do déficit comercial que temos com seu país”.

O texto ainda ressalva: “Não haverá tarifa se o Japão, ou empresas de seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos”. Ameaças de retaliação também aparecem: “Se vocês decidirem aumentar suas tarifas, qualquer valor será adicionado aos 25% que cobramos”.

Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: Nathan Howard/Reuters

A data de 1º de agosto confirma a extensão da trégua tarifária, que venceria em 9 de julho. Até agora, apenas Reino Unido e Vietnã fecharam acordos limitados com os EUA.

Enquanto União Europeia e Ásia correm para evitar sobretaxas, Trump ampliou a pressão sobre o Brics, anunciando no domingo (6) um adicional de 10% para países que adotem “políticas antiamericanas” alinhadas ao bloco.

“Não haverá exceções a essa política”, afirmou, sem detalhar critérios ou confirmar um decreto. O governo chinês reagiu: “O uso de tarifas não serve a ninguém. Nos opomos a elas como ferramenta de coerção”. Já a Rússia minimizou o impacto. “O Brics coopera com base em interesses próprios, nunca contra terceiros”, disse Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin.

A África do Sul reforçou o caráter multilateral do grupo: “Buscamos uma ordem global mais equilibrada, que reflita as realidades do século 21”, declarou Chrispin Phiri, do Ministério das Relações Exteriores. O Brasil ainda não se posicionou oficialmente.

As tarifas anunciadas em abril (10% a 50%) foram suspensas por 90 dias para negociações. Agora, a prorrogação até agosto sinaliza pressão por concessões, especialmente em setores como agricultura e tecnologia. Analistas avaliam que a medida contra o Brics pode acelerar a busca por alternativas ao dólar em transações comerciais.

Leia a carta de Trump ao primeiro-ministro do Japão na íntegra: 

Prezado Senhor Primeiro-Ministro:

É uma grande honra para mim enviar-lhe esta carta, pois ela demonstra a força e o compromisso de nosso relacionamento comercial, bem como o fato de que os Estados Unidos da América concordaram em continuar trabalhando com o Japão, apesar de terem um déficit comercial significativo com seu grande país. No entanto, decidimos seguir em frente com vocês, mas apenas com um comércio mais equilibrado e justo. Portanto, convidamos vocês a participar da extraordinária economia dos Estados Unidos, o maior mercado do mundo, de longe.

Tivemos anos para discutir nosso relacionamento comercial com o Japão e concluímos que devemos nos afastar desses déficits comerciais de longo prazo e muito persistentes, causados pelas políticas tarifárias e não tarifárias e pelas barreiras comerciais do Japão. Nosso relacionamento tem sido, infelizmente, longe de ser recíproco.

A partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Japão uma tarifa de apenas 25% sobre todos os produtos japoneses enviados aos Estados Unidos, separadamente de todas as tarifas setoriais. Produtos transbordados para evitar uma tarifa mais alta estarão sujeitos à tarifa mais elevada. Por favor, entenda que os 25% são muito menos do que o necessário para eliminar a disparidade do déficit comercial que temos com seu país. Como é do seu conhecimento, não haverá tarifa se o Japão ou empresas dentro do seu país decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos — e, de fato, faremos todo o possível para obter aprovações de forma rápida, profissional e rotineira — ou seja, em questão de semanas.

Se, por qualquer motivo, vocês decidirem aumentar suas tarifas, qualquer valor que escolherem será adicionado aos 25% que cobramos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir muitos anos de políticas tarifárias e não tarifárias e barreiras comerciais do Japão, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional!

Estamos ansiosos para trabalhar com você como nosso parceiro comercial por muitos anos. Se desejar abrir seus mercados comerciais, até agora fechados, para os Estados Unidos e eliminar suas políticas tarifárias, não tarifárias e barreiras comerciais, poderemos, talvez, considerar um ajuste nesta carta. Essas tarifas poderão ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do nosso relacionamento com seu país. Você nunca se decepcionará com os Estados Unidos da América.

Agradeço sua atenção a este assunto!

Com os melhores votos, subscrevo-me,
Atenciosamente,
Donald J. Trump.

Veja a lista de tarifas por país:

– África do Sul: 30%
– Bangladesh: 35%
– Bósnia e Herzegovina: 30%
– Camboja: 36%
– Cazaquistão: 25%
– Coreia do Sul: 25%
– Indonésia: 32%
– Japão: 25%
– Laos: 40%
– Malásia: 25%
– Mianmar: 40%
– Sérvia: 35%
– Tailândia: 36%
– Tunísia: 25%.