
Horas após a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Judiciário brasileiro em forma de desagravo ao ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) afirmou que eventuais sanções do governo americano contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, podem perder força política caso demorem a ser aplicadas. Com informações do jornal O Globo.
A declaração foi dada durante entrevista concedida por Eduardo ao ex-estrategista da Casa Branca, Steve Bannon, em seu podcast War Room, uma das principais plataformas da extrema-direita nos EUA. A conversa entre os dois aliados ocorreu em meio à crescente expectativa do entorno bolsonarista sobre possíveis medidas americanas contra figuras do Judiciário brasileiro.
Aliados de Bolsonaro têm apostado nas sanções como instrumento de pressão contra o STF, especialmente às vésperas do julgamento que pode culminar na condenação e eventual prisão do ex-presidente, acusado de tramar um golpe de Estado. No entanto, a ausência de uma resposta rápida por parte dos Estados Unidos tem causado frustração entre os apoiadores mais radicais.
Durante a entrevista, tanto Eduardo quanto Bannon defenderam que Trump insira Alexandre de Moraes na lista de sanções da Ofac — sigla para Office of Foreign Assets Control, órgão do Departamento do Tesouro americano responsável por restrições econômicas. Essas sanções são conhecidas por seu forte impacto financeiro e já foram aplicadas contra autoridades de regimes considerados autoritários.
Deputado @BolsonaroSP em uma entrevista com o Steve Bannon um grande aliado do presidente @realDonaldTrump 🇺🇸🇺🇸
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— Maria P (@damadanoite14) May 31, 2025
“As sanções Ofac são o remédio certo contra esse vírus [da perseguição política]”, disse Eduardo Bolsonaro. “Mas se demorarem a adotar as sanções, o regime [Lula] se consolidará. Será muito difícil aplicar as sanções com efeitos”. Segundo ele, o momento político brasileiro ainda permite que esse tipo de medida tenha impacto real.
“Hoje em dia, se você aplicar sanções à Venezuela isso não mudará as coisas. No Brasil ainda estamos em um momento que estas sanções podem interromper agressões contra os opositores políticos”, disse.
Eduardo defendeu que o efeito político desejado seria pressionar diretamente o Supremo Tribunal Federal, abrindo caminho para que seu pai possa ser candidato nas eleições de 2026. Para ele, uma ação dura dos Estados Unidos contra Moraes serviria como aviso aos demais ministros da Corte: “Se enfrentarmos a Corte [STF], eles [Lula e a esquerda] serão varridos do cenário político do Brasil”.
Segundo o deputado, o governo brasileiro atual “não tem mais base de sustentação” e só poderia permanecer no poder com interferência do Judiciário. “Este é um governo morto e não há possibilidade de permanecerem no poder no ano que vem. A única forma seria impedir que um candidato da direita e um membro da família Bolsonaro concorra através do Judiciário”, afirmou.
Eduardo também afirmou que é alvo de “lawfare” no Brasil — termo usado por setores da direita para se referirem ao suposto uso do sistema judicial como arma política. Segundo ele, essa perseguição foi o que motivou sua saída do país e o autoexílio nos Estados Unidos, iniciado em março deste ano.
Apesar do tom beligerante da entrevista, o tema das sanções não é consenso entre os aliados do ex-presidente. Um interlocutor de Bolsonaro, com trânsito no meio jurídico, avaliou que a estratégia pode ser arriscada. Ele disse que uma possível sanção mais branda do que o prometido pode gerar o efeito oposto ao desejado.
“Se vier uma sanção light, como cassação de visto dos ministros, isso pode passar a impressão de que a Casa Branca lavou as mãos para o julgamento do Bolsonaro e que o STF pode fazer o que quiser com o ex-presidente”, avaliou esse aliado.