
O pastor Silas Malafaia protagonizou um momento tenso durante a exibição do documentário “Apocalipse nos Trópicos”, de Petra Costa. Convidado para assistir ao filme, ele surtou e abandonou a sala aos gritos, incomodado com trechos que mostram sua atuação política e uso da religião para influenciar eleições. O filme foca no avanço do fundamentalismo evangélico no Brasil e no papel central de Malafaia nesse processo. Com informações do Fuxico Gospel.
Um dos momentos destacados pela diretora mostra Malafaia exaltando Bolsonaro com versículos bíblicos: “Deus escolheu as coisas fracas para confundir as fortes (…) É por isso que Deus te escolheu.” Segundo o filme, o pastor ajudou a moldar uma nova liderança política no país, com forte apelo religioso e conservador.
O documentário também revela ameaças públicas feitas por Malafaia a senadores que resistiram à nomeação de André Mendonça ao STF. Em outro trecho, ele declara que poderia “destruir” a reputação de pastores que se aproximassem de Lula: “Aqui a gente arrebenta eles”, afirma, com o celular em mãos.
Em um episódio ainda mais controverso, Malafaia comenta, sem constrangimento, que seus seguranças poderiam dar um “susto” em um motociclista que o atrapalhou no trânsito. A fala, segundo Petra, revela o uso de intimidação como ferramenta de influência no meio político e religioso.
O filme também destaca a ostentação do pastor, filmado dirigindo uma BMW blindada e embarcando em seu jato particular chamado “Favor de Deus”. Malafaia é apresentado como símbolo da teologia da prosperidade e do entrelaçamento entre religião, poder e capital.
Apesar das falas públicas em defesa de um golpe militar após a derrota de Bolsonaro, o pastor ainda não figura entre os investigados pela Procuradoria-Geral da República. “O senhor tem poder de convocar as Forças Armadas para botar ordem”, disse Malafaia ao ex-presidente, em vídeo.