“Tenho que me considerar de esquerda”, diz Tebet ao defender tributação de mais ricos

Atualizado em 9 de julho de 2025 às 8:37
A ministra do Planejamento, Simone Tebet – Foto: Reprodução

Na terça-feira (8), a ministra do Planejamento, Simone Tebet, defendeu a proposta do governo de instituir um imposto mínimo de 10% para rendas mais altas. Durante audiência da Comissão Mista de Orçamento no Congresso, ela declarou: “Estamos dizendo para aqueles que não pagam, ou pagam 3% ou 4%, que eles paguem 10%. Se isso não for justiça tributária, se isso for ser de esquerda, eu, que nunca fui de esquerda, tenho que me considerar de esquerda.”

Tebet ressaltou que os cortes orçamentários ao longo dos últimos anos atingiram principalmente os mais pobres. Segundo a ministra, “no passado se cortou até dinheiro para ciência, tecnologia, inovação, se tirou dinheiro de farmácia popular, de políticas sociais e nunca se conseguiu mexer no andar de cima, ao qual eu pertenço, muitos de nós pertencemos.” A fala reforça o posicionamento do governo de evitar cortes em programas sociais enquanto busca maior contribuição dos mais ricos.

Durante a audiência, a ministra afirmou que o ano de 2026 será desafiador, mas que a meta fiscal prevista, de superávit de R$ 34,3 bilhões, é possível. Ela alertou, no entanto, que as despesas obrigatórias irão pressionar as verbas discricionárias. Um dos destaques é o crescimento previsto no BPC (Benefício de Prestação Continuada), que deve passar de R$ 119 bilhões em 2025 para R$ 165,7 bilhões em 2028.

Tebet também comentou sobre a necessidade de aperfeiçoar as regras do BPC, benefício pago a idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade.

“Não queremos tirar o direito de ninguém, mas não querer dar benefício para quem não tem direito”, disse. Para ela, alterações anteriores facilitaram o aumento de concessões judiciais do benefício, elevando os custos para o governo.

Outro tema abordado foi a dívida da União com precatórios, que deve alcançar R$ 115 bilhões em 2026. A ministra adiantou que já possui uma proposta para o tema, a ser discutida com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Pelas regras atuais, esses pagamentos entram no teto do arcabouço fiscal a partir de 2027, o que preocupa a equipe econômica.

Fernando Haddad, ministro da Fazenda – Foto: Reprodução

Na reunião, Simone Tebet defendeu a manutenção do arcabouço fiscal como forma de garantir responsabilidade no controle de gastos. Ela também comentou o andamento da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) e disse que o calendário segue apertado.