Trump desmoraliza e enfraquece o bolsonarismo, diz William Waack

Atualizado em 9 de julho de 2025 às 22:41
Donald Trump e Jair Bolsonaro

Em artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo nesta quarta-feira, 9 de julho, após a decisão de Donald Trump em impor uma tarifa de 50% sobre os produtos brasileiros, o jornalista William Waack classificou a medida como uma agressão política sem paralelos históricos, fez duras críticas à direita brasileira alinhada ao ex-presidente norte-americano e avaliou o potencial eleitoral nocivo das medidas à extrema-direita. Confira trechos:

O ataque do presidente americano ao Brasil não tem paralelos históricos. Trata-se sobretudo de uma agressão política, cujos termos são por definição inegociáveis. Trump age com a prepotência de quem, de fato, escolheu dividir o mundo em esferas onde os fortões fazem o que querem, e os fracos — como o Brasil — que se virem. (…)

“Do ponto de vista exclusivamente comercial e geopolítico o tratamento que Trump dá ao Brasil é simplesmente burrice. Mas é um extraordinário nível de mediocridade estratégica, ignorância histórica e posturas prejudiciais aos próprios interesses da superpotência que Trump vem exibindo desde que assumiu.” (…)

Donald Trump e Eduardo Bolsonaro durante encontro nos Estados Unidos, em 2019. Foto: Divulgação/Casa Branca

“Como aconteceu em países como Canadá, Austrália, México e, até certo ponto, Alemanha, a interferência política de Trump nos assuntos de cada um produziu os resultados contrários. Ou seja, Trump desmoralizou, enfraqueceu e tirou potencial eleitoral das forças políticas que quis ‘proteger’. No caso brasileiro, o clã Bolsonaro e todo agente político que aderiu ao fã clube de Trump.” (…)

“O Brasil é uma potência menor, com escassa capacidade de retaliação que não nos torne ainda mais vulneráveis, sobretudo em relação a insumos. É grande a tentação de pular para um lado no confronto geopolítico, mas um pouco de inteligência estratégica indica que os Trumps acabam indo embora, e a profundidade dos laços entre Brasil e Estados Unidos permanecem.” (…)