
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, atribuiu a decisão dos Estados Unidos de taxar em 50% os produtos brasileiros a uma articulação política de aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Em entrevista ao Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé nesta quinta-feira (10), ele afirmou que o ex-presidente e sua família estão “conspirando” contra os interesses nacionais para obter benefícios judiciais.
Haddad levantou a possibilidade do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ser um vassalo dos Estados Unidos citou especificamente o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), que fugiu para os EUA em março deste ano e publicou um vídeo defendendo anistia “ampla, geral e irrestrita” como solução para evitar “um desastre” nas relações bilaterais.
“Isso é assumido publicamente pela pessoa que está nos EUA em nome da família Bolsonaro conspirando contra o Brasil e ameaçando o Brasil”, disse o ministro.
“Eu não conheço precedentes históricos de uma coisa tão vergonhosa como a atitude dessa família”, acrescentou, referindo-se às alegações de que a medida seria uma retaliação aos processos judiciais contra Jair Bolsonaro no STF, incluindo a investigação sobre a tentativa de golpe após as eleições de 2022.
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O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, diz que o tarifaço de Trump contra o Brasil foi articulado pelo clã Bolsonaro
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— Metrópoles (@Metropoles) July 10, 2025
Na noite de quarta-feira (9), Tarcísio responsabilizou o presidente Lula (PT) pela decisão de Trump, afirmando que o petista “colocou sua ideologia acima da economia”. Haddad rebateu duramente, classificando a postura de Tarcísio como “vassalagem”.
“Ou a pessoa é candidata a presidente ou é candidata a vassalo. Não há espaço no Brasil para vassalagem. Desde 1822, isso acabou”, disse Haddad. “O governador [Tarcísio] errou muito. […] Está prejudicando o principal estado do país, que é justamente São Paulo. É o suco de laranja de São Paulo. São os aviões produzidos pela Embraer”.
Em resposta, Tarcísio afirmou que o ministro deveria “cuidar da economia” em vez de criar narrativas. “Cabe a ele falar menos e trabalhar mais. Se ele cuidasse da economia, estaria indo bem”, declarou o governador.
O presidente Lula emitiu uma nota reafirmando que o Brasil “é um país soberano” e não aceitará “tutela” estrangeira. Ele destacou que os processos judiciais contra Bolsonaro são de competência exclusiva da Justiça brasileira e não estão sujeitos a interferências externas.
A taxação anunciada por Trump, que entra em vigor em 1º de agosto, afetará produtos como suco de laranja e aeronaves da Embraer, itens importantes para a economia paulista. O governo estadunidense condicionou a revisão da medida a uma mudança de postura do Brasil em relação aos processos contra Bolsonaro.
Veja a entrevista completa: