
Líderes da oposição realizaram uma reunião de emergência na noite de quarta-feira (9) para discutir como reagir à taxação de 50% imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, aos produtos brasileiros. O saldo do encontro foi considerado negativo por participantes, que classificaram a medida como um erro estratégico com potencial para prejudicar a imagem da direita no país.
“Foi um tiro no pé. Quem é que vai ser a favor disso? Quem é que vai ficar contra o país?”, questionou um líder bolsonarista do Senado presente na reunião, segundo Daniela Lima, da GloboNews. A decisão de Trump, que vinculou explicitamente a taxação ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF), pegou a oposição de surpresa e dividiu as estratégias de resposta.
O cenário se agravou quando o deputado licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou um vídeo assumindo responsabilidade pela medida e reforçando críticas ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e à própria Corte.
“Erro grosseiro, erro gravíssimo. Vai ter um custo isso para a imagem”, avaliou um aliado da família Bolsonaro. Percebendo a besteira que fez, o ex-presidente avalia entrar em contato direto com a Casa Branca a fim de aliviar o desgaste público da medida de Trump.
Enquanto a ala mais próxima a Bolsonaro, representada por Eduardo, endossou o discurso de confronto com o STF, outros núcleos da extrema-direita optaram por responsabilizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo tarifaço, seguindo a linha do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Lula colocou sua ideologia acima da economia, e esse é o resultado. Tiveram tempo para prestigiar ditaduras, defender a censura e agredir o maior investidor direto no Brasil. Outros países buscaram a negociação. Não adianta se esconder atrás do Bolsonaro. A responsabilidade é de…
— Tarcísio Gomes de Freitas (@tarcisiogdf) July 10, 2025
Agora, até mesmo integrantes desse grupo, que se apresenta como “mais moderado”, reconhecem que meses de campanha por sanções internacionais contra Moraes fragilizam a credibilidade da narrativa. Pesquisas de opinião, como a realizada pela Nexus, mostram que o discurso em defesa da soberania nacional tem mais adesão do que a tentativa de culpar Lula pela crise com os EUA.
Eduardo Bolsonaro, que já responde a um inquérito por obstrução de Justiça, pode ter agravado sua situação legal com as declarações no vídeo. Ministros do STF avaliam que o conteúdo reforça indícios de crime.
Politicamente, o episódio tende a fortalecer Lula como defensor da soberania brasileira, enquanto expõe a família Bolsonaro a acusações de “traição à pátria”. “Isso vai ampliar a pressão para que o nome da direita não venha da família. É gás para o nome de Tarcísio”, admitiu um aliado.