
O PSOL protocolou, nesta quinta-feira (10), uma ação na Procuradoria-Geral da República (PGR), solicitando a prisão do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O partido acusa o parlamentar de envolvimento em crimes como atentado à soberania nacional, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e tentativa de golpe de Estado.
A iniciativa ocorre após declarações feitas por Eduardo Bolsonaro, na quarta-feira (9), em apoio à medida do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que impôs tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros, a partir de 1º de agosto. O deputado também defendeu, em suas palavras, a aprovação de uma ampla anistia para aqueles envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro.
Na ação, o PSOL alega que o comportamento do deputado “atenta contra a soberania nacional” e que suas ações representam uma sabotagem às instituições brasileiras, considerando-as como um lobby anti-diplomático contra o Brasil, com potenciais efeitos econômicos negativos “equiparáveis a uma declaração de guerra”.
Em entrevista, Paula Coradi, presidenta nacional do PSOL, afirmou: “É inaceitável que um parlamentar fuja do Brasil para conspirar contra o próprio país e articule medidas que prejudicam a economia nacional. Ao menos a hipocrisia dos autointitulados patriotas que batem continência para a bandeira dos Estados Unidos (EUA) ficou escancarada.”
Desde fevereiro, Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos, onde tem se dedicado a manifestações em defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e à tentativa de aplicar sanções contra o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Para o PSOL, “o lobby da família Bolsonaro nos EUA integra uma segunda etapa do 8 de janeiro”, argumentando que, após não conseguirem depor o governo eleito pela força, buscam agora apoio externo para prejudicar economicamente o Brasil. “Querem chantagear o Estado Brasileiro com sabotagem internacional às nossas instituições. Isso é crime, não pode passar batido”, acrescentou Coradi.
Além disso, conforme reportado pela colunista do O Globo, Bela Megale, membros do Centrão, alinhados a Jair Bolsonaro, acreditam que a imposição das tarifas por Trump enfraquece a candidatura de Eduardo Bolsonaro à Presidência em 2026.
Em uma carta publicada ao lado de Paulo Figueiredo, influenciador de direita e filho do ex-ditador João Figueiredo, Eduardo declarou: “A carta do presidente Donald J. Trump ao presidente brasileiro é clara, direta e inequívoca. E reflete aquilo que nós, há muito tempo, temos denunciado: o Brasil está se afastando, de forma deliberada, dos valores e compromissos que compartilha com o mundo livre”.
Líderes do Centrão interpretaram de forma negativa o pedido de Eduardo Bolsonaro para que brasileiros expressassem agradecimento ao presidente americano após o anúncio da tarifa. Para eles, o deputado fez uma espécie de celebração da medida, a qual, inegavelmente, prejudica a economia nacional.
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