Diplomacia do fracasso: Eduardo Bolsonaro se incrimina sozinho em caso Trump

Atualizado em 11 de julho de 2025 às 15:00
Eduardo Bolsonaro participando da Comissão de Direitos Humanos da Câmara em 2023. Foto: Divulgação

O futebol é rico em metáforas. Há expressões carregadas de sabedoria ancestral que, de tão precisas, mereceriam figurar como disciplina obrigatória nas academias de Direito e nas cátedras de Filosofia Política. Uma dessas expressões, quase um provérbio do gramado, ensina com acurada precisão que se “pode deixar o perna de pau sozinho, que ele se marca”.

À primeira vista, soa como zombaria pueril contra algum caneludo desprovido de intimidade com a bola. Mas, em sua aparente trivialidade, reside a chave para decifrar figuras de notável inapetência intelectual. É o caso — ou melhor, o caso perdido — de Eduardo Bananinha.

Há quem tente compreendê-lo como um fenômeno da política contemporânea, um subproduto tardio do bolsonarismo ou, em arroubo de generosidade, como uma engrenagem avariada da extrema-direita global. Tolice. Bananinha não é isso tudo. Bananinha é, quando muito, um daqueles jogadores que tropeçam na própria sombra ou escorregam na própria baba.

É o tipo de espécime que, solto em campo, causa mais dano ao próprio time do que ao adversário. No seu caso, deixá-lo correr solto, desmarcado, é a estratégia mais eficaz. Ele tropeça nos próprios fios de voz, nos cadarços do pensamento, nos elásticos do calção, na aba da camiseta. Por fim, enrosca-se nos raciocínios tortuosos que elabora com a fluência de quem confunde a Constituição com o cardápio de um fast-food, mesmo que nem para chapeiro tenha servido. Literalmente. E não se trata de figura de linguagem: não foi aprovado sequer para essa função.

Trata-se de um destino que nem o mais rancoroso técnico da várzea reservaria ao reserva do reserva do banco. Seria crueldade. Mas a política brasileira, em seu surto de regressão civilizatória, achou por bem premiar nulidades desse tipo com mandatos parlamentares, verbas públicas generosas e passaporte diplomático.

No recente episódio da taxação das exportações brasileiras pelo fascista laranjado, Bananinha demonstrou, como se ainda restasse dúvida, que sua idiotia não conhece fronteiras geográficas. Em vez de silenciar, como recomendaria qualquer defensor de réus com mediana lucidez, ele produziu provas em abundância.

Gravou vídeos, publicou mensagens, deu entrevistas. Um acervo tão vasto quanto incriminador. Um verdadeiro auto de infração performático, registrado em alta definição e disseminado com entusiasmo nas redes sociais. Nunca antes, na história deste país, alguém se incriminou com tamanho zelo e tamanha alegria.

Eduardo Bolsonaro e Donald Trump. Foto: Divulgação

Fruto de uma família disfuncional, criado no seio de uma criminalidade rastaquera, é quase comovente constatar que Bananinha não aprendeu sequer a lição elementar do ofício criminoso. Enquanto delinquentes experientes, como seu próprio pai, ocultam rastros, ele os pinta com canetinha neon, dança ao redor e publica no TikTok.

Quando for chamado a prestar contas, haverá contra ele mais registros audiovisuais do que gols do Pelé. E, ao contrário do rei do futebol, cuja genialidade ninguém jamais contestou, Bananinha ingressará nos anais da história como o único investigado condenado por excesso de sinceridade burra.

Quando a Justiça finalmente bater à porta do deputado licenciado, e aqui não se trata de “se”, mas de “quando”, ele terá de agradecer, com a humildade que jamais teve, aos defensores dos direitos humanos. Esse mesmo grupo que ele costuma insultar como “vagabundos protetores de bandidos” será o responsável por assegurar-lhe um benefício inestimável: a não existência da pena de morte no Brasil.

Se existisse, Bananinha já teria cumprido todos os pré-requisitos para merecê-la, com louvor. Teria gabaritado o Código Penal Brasileiro. Bananinha deverá a esses humanistas o direito à própria vida, mesmo após causar um dano permanente à inteligência nacional.

Por ora, basta à Justiça brasileira continuar fazendo aquilo que melhor funciona: deixá-lo solto, como se deixa um cone estacado no meio do campo. Ele tropeça. Ele se autoimputa. Ele se autoembanana. Pois Bananinha não é adversário. É um boiadeiro de sua própria idiotia, tangendo sua empáfia rumo ao abismo. Com chuteira desamarrada, por óbvio.