Air India: combustível foi cortado segundos antes da queda, revela investigação

Atualizado em 11 de julho de 2025 às 22:37
Cauda de avião da Air India que caiu em Ahmedabad, na Índia, encravada em prédio em 12 de junho de 2025 – Foto: AFP

O relatório preliminar da queda do avião da Air India, que deixou 260 mortos na Índia, revelou que o fornecimento de combustível para os motores foi cortado 29 segundos antes do impacto.

A investigação divulgada nesta sexta-feira (11) indica que os botões responsáveis pela distribuição de combustível foram manualmente colocados na posição “cortado”. Esses comandos ficam protegidos por uma trava que exige dupla ação para serem alterados, o que levanta a hipótese de acionamento proposital.

Segundo o conteúdo da caixa preta, um dos pilotos questiona o outro sobre o corte no combustível, e o colega nega ter feito isso. Não está claro quem perguntou e quem respondeu, mas o especialista americano John Cox afirma que não seria possível ativar os botões acidentalmente: “Não dá para esbarrar neles e eles se moverem”.

Botões de fornecimento de combustível no 787 – Foto: Reprodução

A aeronave, um Boeing 787-8 com 242 pessoas a bordo, caiu logo após a decolagem no aeroporto de Ahmedabad, no oeste da Índia, em 12 de junho. Apenas um passageiro sobreviveu.

A cronologia da queda mostra que os motores começaram a perder potência três segundos após a decolagem, quando os botões foram desligados. Após isso, os sistemas de emergência tentaram reagir, com religamentos manuais e emissão de pedido de socorro às 13h39. O último registro dos gravadores é compatível com o momento da queda.

O relatório também descartou a hipótese de falha no flap, componente essencial na decolagem, indicando que o equipamento estava em posição correta.

Não foram emitidas recomendações à Boeing ou à fabricante dos motores, já que os testes confirmaram que o combustível estava em condições adequadas. A linha de investigação agora foca na ação humana e nas causas do corte de combustível.

A aeronave caiu sobre o alojamento de uma faculdade de medicina, matando 29 pessoas no local. O voo tinha como destino Londres e transportava passageiros de várias nacionalidades, sendo 169 indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadense. O impacto ocorreu em uma área residencial por volta do horário do almoço.