As jogadas para que os bolsonaristas virem os mocinhos. Por Moisés Mendes

Atualizado em 11 de julho de 2025 às 23:40
Jair Bolsonaro rindo de olhos fechados, em close
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – Reprodução

Tarcísio pediu ao Supremo que liberasse o passaporte de Bolsonaro, que assim poderia viajar aos Estados Unidos e negociar o fim do tarifaço.

O extremista moderado que governa São Paulo tentou transformar o chefe em protagonista da solução da crise que ajudou a causar.

Bolsonaro reúne-se com Trump e anuncia, ainda na Casa Branca, que tudo está resolvido. Vira herói da direita e abre caminho para a anistia. Nem roteirista de cinema que cheirasse meio quilo de pó imaginaria tamanho delírio.

Tarcísio tratou os ministros do Supremo como colegiais, mas não pensem que ele desistiu. O que está sendo armado também é coisa de estagiário.

Trump articula, com a ajuda de Eduardo nos Estados Unidos, para que o plano B seja levado adiante. Bolsonaro não consegue o contato direto com Trump, que renderia até uma foto na capa dos jornais, mas há saídas.

Tarcísio fica agindo como emissário do líder e vai tentando avançar. Tanto que, nessa sexta, já foi à embaixada dos Estados Unidos em Brasília.

O roteiro ideal é o que segue. Em todas as situações de conflito criadas até agora, o neofascista acabou recuando em pontos essenciais, porque todas as suas atitudes têm uma dose de blefe.

Em algum momento, ele irá recuar parcialmente em relação à tarifa de 50% para os produtos brasileiros, e Bolsonaro, Eduardo e Tarcísio tentarão ficar com os méritos.

Não duvidem se, ao anunciar o recuo, Trump já registrar os créditos para os seus ajudantes, incluindo empresários que serão chamados a conversar.

É provável que, a partir do recuo de Trump, parte importante da população passe a considerar que Bolsonaro, o filho e Tarcísio foram decisivos para a resolução de um pedaço do imbróglio.

Esse é o Brasil em que os amigos do grande mafioso mundial podem passar a ser vistos como heróis nacionais pela solução de um conflito que eles também fomentaram.

O plano completo prevê que, nesse contexto, a proposta da anistia poderá começar a prosperar no Congresso, mesmo que aos trancos e barrancos.

Luciano Hang, o Véio da Havan
Luciano Hang, o Véio da Havan – Reprodução

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UMA IDEIA
Me atrevo a sugerir que o melhor nome para negociar o fim do tarifaço com Trump é o do véio da Havan.

Lida com comércio exterior, sabe tudo de tarifas e impostos e é da mesma turma deles.

No fim, para comemorar, poderia fazer um banquete no casarão de Brusque, aquele que recepcionou oito desembargadores em dezembro num alegre mesão.

É apenas uma ideia. Bom fim de semana a todos.

Moisés Mendes
Moisés Mendes é jornalista em Porto Alegre, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim) - https://www.blogdomoisesmendes.com.br/