Tarifaço de Trump evidencia racha no bolsonarismo

Atualizado em 12 de julho de 2025 às 6:21
Eduardo Bolsonaro e Tarcísio de Freitas lado a lado, com expressões sérias
O deputado licenciado Eduardo Bolsonaro e o governador de SP Tarcísio de Freitas – Foto: Eduardo Knapp/Folhapress

A sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros escancarou o rompimento entre dois expoentes da direita bolsonarista: o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Ambos são vistos como pré-candidatos à Presidência em 2026 e agora disputam protagonismo diante da base conservadora. Tarcísio se posicionou como articulador da crise ao reunir-se com a embaixada americana, enquanto Eduardo reagiu nas redes com críticas indiretas, chamando negociações sem anistia aos golpistas do 8 de Janeiro de “acordo Caracu”.

Horas depois, o aliado de Eduardo nos Estados Unidos, Paulo Figueiredo, reforçou os ataques. Disse que Tarcísio “atrapalha sem nem saber”, que não tem influência no “mundo MAGA” e que é visto como próximo da China.

Segundo apuraram Ana Paula Bimbati e Letícia Casado, do UOL, essas críticas refletem um mal-estar antigo no entorno da família Bolsonaro, que cobra de Tarcísio uma postura mais alinhada à pauta da anistia e ataques diretos ao Supremo Tribunal Federal, especialmente ao ministro Alexandre de Moraes.

Em ato recente na Avenida Paulista, Tarcísio evitou citar o STF, o que foi lido por bolsonaristas como uma tentativa de se distanciar do discurso radical da base, mirando o eleitorado do centrão e setores do empresariado. Para Eduardo e seus aliados, no entanto, essa omissão descredencia o governador como herdeiro do bolsonarismo. O tema da anistia, agora vinculado à retaliação econômica de Trump, torna-se uma moeda de pressão sobre o governo Lula e também sobre os presidenciáveis de direita.

Nos bastidores, cresce a percepção de que a disputa entre Eduardo e Tarcísio deve se intensificar nos próximos meses. Embora Tarcísio seja o nome preferido do centrão e do mercado, Eduardo já afirmou que aceitaria a candidatura “se o pai pedisse”. O apoio de Jair Bolsonaro, portanto, segue como fator determinante para a consolidação de qualquer candidatura à direita.