
A sobretaxa de 50% imposta por Donald Trump aos produtos brasileiros escancarou o rompimento entre dois expoentes da direita bolsonarista: o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Ambos são vistos como pré-candidatos à Presidência em 2026 e agora disputam protagonismo diante da base conservadora. Tarcísio se posicionou como articulador da crise ao reunir-se com a embaixada americana, enquanto Eduardo reagiu nas redes com críticas indiretas, chamando negociações sem anistia aos golpistas do 8 de Janeiro de “acordo Caracu”.
Horas depois, o aliado de Eduardo nos Estados Unidos, Paulo Figueiredo, reforçou os ataques. Disse que Tarcísio “atrapalha sem nem saber”, que não tem influência no “mundo MAGA” e que é visto como próximo da China.
O @tarcisiogdf atrapalha sem nem saber. Mas, enquanto o sistema tiver esperanças de que ele surja como o Salvador da Pátria intermediando um acordo com os EUA, não vão nem cogitar aquela que é a única solução real: a anistia ampla, geral e irrestrita.
Felizmente, o governador de…
— Paulo Figueiredo (8) (@pfigueiredo08) July 11, 2025
Segundo apuraram Ana Paula Bimbati e Letícia Casado, do UOL, essas críticas refletem um mal-estar antigo no entorno da família Bolsonaro, que cobra de Tarcísio uma postura mais alinhada à pauta da anistia e ataques diretos ao Supremo Tribunal Federal, especialmente ao ministro Alexandre de Moraes.
Em ato recente na Avenida Paulista, Tarcísio evitou citar o STF, o que foi lido por bolsonaristas como uma tentativa de se distanciar do discurso radical da base, mirando o eleitorado do centrão e setores do empresariado. Para Eduardo e seus aliados, no entanto, essa omissão descredencia o governador como herdeiro do bolsonarismo. O tema da anistia, agora vinculado à retaliação econômica de Trump, torna-se uma moeda de pressão sobre o governo Lula e também sobre os presidenciáveis de direita.
Nos bastidores, cresce a percepção de que a disputa entre Eduardo e Tarcísio deve se intensificar nos próximos meses. Embora Tarcísio seja o nome preferido do centrão e do mercado, Eduardo já afirmou que aceitaria a candidatura “se o pai pedisse”. O apoio de Jair Bolsonaro, portanto, segue como fator determinante para a consolidação de qualquer candidatura à direita.