
Em 2020, Jair Bolsonaro ameaçou o então presidente eleito dos Estados Unidos, Joe Biden. Diante da possibilidade de sanções econômicas por causa do desmatamento da Amazônia, ele disparou: “Quando acabar a saliva, tem que ter pólvora”.
À época, insinuava que o Brasil reagiria com firmeza a qualquer tentativa estrangeira de interferência, evocando um nacionalismo de fachada e a retórica da força. A fala, feita diante do chanceler Ernesto Araújo, um dos estúpidos a ocupar qualquer cargo público no país, foi recebida com preocupação internacional.
Cinco anos depois, Bolsonaro e seus filhos adotam postura diametralmente oposta. Diante das novas tarifas de 50% impostas pelo presidente Donald Trump contra o Brasil, os mesmos que se dizem defensores da soberania agora defendem a rendição completa em benefício próprio.
O senador Flávio Bolsonaro chegou a dizer que o Brasil deveria ceder à chantagem americana para evitar que “duas bombas atômicas caiam sobre o país” — frase que configura ameaça à soberania nacional.
A hipocrisia é flagrante. O clã Bolsonaro, que outrora falava em pólvora para enfrentar críticas de potência estrangeira, hoje acha que devemos ficar de quatro porque eles vão se dar bem. Bolsonaro, que não aceitou a derrota nas urnas e agora é investigado por tentar subverter a democracia, vê nos EUA de Trump um escudo para sua própria sobrevivência jurídica.
A guinada de discurso revela não só covardia, mas oportunismo. Ao renegar o próprio discurso nacionalista e alinhar-se a interesses estrangeiros contra o Brasil, Bolsonaro e seus filhos se colocam como agentes de desestabilização interna, atuando contra os interesses do povo brasileiro. A soberania, que já foi usada como slogan político, agora é tratada como moeda de troca para escapar da cadeia.