
As gigantes brasileiras da proteína animal, JBS e Marfrig, podem ser duramente impactadas pela nova tarifa de 50% imposta pelo governo Donald Trump sobre produtos brasileiros. O setor já arcava com uma alíquota de 26,5% e agora tenta entender se o novo percentual será somado ou substituído. A medida representa um golpe direto nas exportações e também afeta as operações americanas dessas empresas, que dependem da carne brasileira como insumo.
Apesar de possuir o maior rebanho bovino do mundo, os Estados Unidos enfrentam queda na produção — a menor das últimas cinco décadas — o que intensificou a importação de carne. Em 2024, o Brasil exportou US$ 1,3 bilhão em carne bovina para os EUA, quase o triplo do volume registrado em 2020. A expectativa para 2025 era de crescimento de 70%, com previsão de 408 mil toneladas, antes do anúncio do tarifaço.
A JBS, que atua nos EUA desde 2007, possui 90 unidades produtivas no país e é a terceira maior produtora de carne bovina em solo americano. Recentemente, transferiu sua listagem para a Bolsa de Nova York e anunciou um investimento de R$ 1,1 bilhão para modernizar suas fábricas. Já a Marfrig, dona da National Beef, ocupa a quarta posição no mercado e está em processo de fusão com a BRF, que controla Sadia e Perdigão.

Além do impacto direto nas exportações, o setor busca alternativas para contornar a medida. O Brasil abriu recentemente o mercado japonês e pode ampliar vendas para países da Ásia, México e Canadá. Outra possibilidade seria o envio de gado vivo ao Paraguai, onde empresas como a Minerva operam unidades de abate e não enfrentam as restrições impostas por Washington.
A arroba do boi no Brasil custa cerca de R$ 300, enquanto nos EUA chega a R$ 620, o que reforça a competitividade da carne brasileira mesmo com logística e taxas. Com isso, o Brasil ainda mantém potencial de deslocar seus volumes para outros mercados, embora o prejuízo no comércio com os EUA — segundo maior destino da carne nacional — deva ser expressivo.
Até o momento, JBS e Marfrig não se manifestaram oficialmente sobre o impacto financeiro da tarifa. O setor monitora o desenrolar político e comercial da decisão de Trump, enquanto o governo brasileiro estuda respostas diplomáticas e econômicas para mitigar os efeitos da medida.