
Na manhã da última sexta-feira (11), um atentado a tiros mobilizou a Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. O empresário Vinicius Drumond, herdeiro do bicheiro Luiz Pacheco Drumond, o “Luizinho Drumond”, foi alvo de uma emboscada na movimentada Avenida das Américas, próximo ao shopping VillageMall. Criminosos armados com fuzis dispararam mais de 30 vezes contra o Porsche Taycan Turbo 2023 em que ele estava. O herdeiro saiu praticamente ileso, com apenas estilhaços no braço, e foi atendido no Hospital Barra D’Or.
Filho do tradicional contraventor Luizinho Drumond, morto em 2020, o empresário herdou os pontos do jogo do bicho na região da Leopoldina, que inclui bairros como Ramos, Penha, Maré e Vigário Geral. Ele já foi vice-presidente da Imperatriz Leopoldinense, presidida atualmente por sua irmã Cátia Drumond.
Além do envolvimento no carnaval e nos negócios da família, o contraventor também integrou um grupo conhecido como “Santíssima Trindade”, ao lado dos bicheiros Rogério Andrade — preso desde outubro — e Adilson Oliveira Coutinho, o Adilsinho, foragido. A aliança foi criada para disputar territórios da contravenção com rivais da antiga cúpula do jogo do bicho.
Mas a união ruiu em meados de 2024. O integrante da “Santíssima Trindade” e Adilsinho se desentenderam após Manuel Agostinho, ex-braço direito do pai do empresário, migrar para o grupo rival. Agostinho alegou aposentadoria, mas a versão foi contestada. Pouco tempo depois, em setembro, ele foi assassinado em Del Castilho, dentro de um carro blindado. O crime teve mais de 30 disparos e é atribuído, segundo investigações, ao herdeiro.
No mês seguinte, outro crime elevou a tensão: o assassinato do ex-policial militar André da Silva Aleixo, segurança do contraventor. Para os investigadores, trata-se de possível retaliação de Adilsinho, em resposta à morte de Agostinho. A prisão de Rogério Andrade também enfraqueceu o grupo, deixando o empresário mais exposto.

O filho de Luizinho Drumond é citado em outros inquéritos. Ele foi alvo da Operação Ouro Negro, que desmantelou uma quadrilha especializada em furto de petróleo dos dutos da Petrobras. Segundo a Polícia Civil, o combustível era vendido ilegalmente a indústrias e usinas. O caso do assassinato do advogado Rodrigo Marinho Crespo, morto em fevereiro, também menciona o envolvimento de um de seus seguranças.
O ataque ocorreu quando um Honda HR-V emparelhou com o veículo do alvo do atentado. Os atiradores dispararam de dentro do carro por seteiras — aberturas feitas de forma estratégica nos vidros das janelas do lado direito —, demonstrando planejamento. Seguranças do empresário, que o acompanhavam em outro carro, reagiram atirando contra os criminosos. O caso está sob investigação da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que também realizou perícia no Porsche blindado.
Na tarde do mesmo dia do atentado, o Honda HR-V usado pelos criminosos foi localizado em Guaratiba, também na Zona Oeste. O veículo apresentava marcas de tiros e foi periciado. As seteiras utilizadas no ataque confirmam a preparação prévia. A polícia ainda avalia se o ataque tem relação com o racha na contravenção ou com os demais inquéritos que envolvem o contraventor.