Imigrantes brasileiros vivem pesadelo nos EUA: “Pessoas estão desaparecendo”

Atualizado em 13 de julho de 2025 às 16:43
Policiais do ICE prendendo imigrante nos EUA. Foto: reprodução

Desde a volta de Donald Trump à presidência dos EUA, em janeiro de 2025, imigrantes brasileiros em Newark, Nova Jersey, têm relatado uma escalada de detenções arbitrárias e deportações sumárias. Muitos, inclusive legalizados ou com processos em andamento, passaram a ser alvos de agentes da Imigração. Relatos indicam que os agentes agem com base em perfis étnicos, e não em antecedentes criminais. Brasileiros vivem com medo e evitam sair de casa.

Um dos casos mais marcantes é o de um jovem detido após cair em uma armadilha montada com fachada de ONG. O rapaz, que vivia nos EUA com a esposa há um ano e meio, foi convocado para uma suposta reunião sobre regularização e, ao chegar, foi preso. Levado para uma prisão próxima ao aeroporto de Newark, ficou sem registro por quase dois dias e teve a visita da família negada após uma rebelião no presídio.

A deportação foi determinada mesmo com a audiência dele marcada para o fim do ano. Seu histórico incluía uma tentativa anterior de entrar nos EUA, o que foi considerado reincidência. A esposa, legalmente autorizada a permanecer no país, perdeu o aluguel e passou a viver na casa da sogra. O casal teve os planos e o lar desfeitos em pouco tempo.

“Vidas imigrantes importam”, diz cartaz de manifestante contra deportações de Trump. Foto: Joshua L. Jones Anthens Banner/Herald/AP

A comunidade brasileira, que em parte votou em Trump esperando endurecimento apenas contra imigrantes com antecedentes criminais, agora se sente traída. Muitos se arrependeram do voto, ao perceberem que a repressão é indiscriminada. Há denúncias de confisco de documentos, pertences pessoais e até alianças de casamento, como no caso do jovem deportado. A desumanização do processo aumentou o clima de insegurança.

Cidadãos americanos relatam solidariedade, mas dizem sentir-se impotentes. Advogados de imigração informam que até pessoas com green card têm buscado naturalização com urgência, temendo que o documento não os proteja. Rumores de deportações para países aleatórios geram mais pânico. Muitos brasileiros já deixaram os EUA ou consideram aceitar incentivos financeiros para a autodeportação.

O caso da funcionária citada no depoimento é emblemático: ela quer retornar ao Brasil, mas não tem condições financeiras para recomeçar. Seu marido foi deportado sem os pertences, e ela espera juntar dinheiro até o fim do ano para reencontrá-lo. O chamado “sonho americano” virou um pesadelo para milhares de imigrantes, agora silenciados pelo medo e pela desilusão.