Governo Milei negocia com a Grã‑Bretanha acordo militar que favorece os EUA nas Malvinas

Atualizado em 14 de julho de 2025 às 10:03
Milei ao lado de Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: reprodução

Uma reportagem da revista britânica The Economist revela que a Argentina retomou negociações militares com o Reino Unido — o mesmo país que controla as Ilhas Malvinas, ou Falklands, desde 1833 — suscitando críticas sobre perda de soberania.

Segundo a publicação, o governo de Javier Milei busca modernizar suas Forças Armadas, inclusive adquirindo armamentos compatíveis com padrões da OTAN. O movimento ocorre num esforço conjunto com os Estados Unidos, para conter a influência da China na América Latina.

Críticos apontam que esse tipo de negociação pode violar o princípio constitucional argentino de reivindicação das Malvinas, além de impactar negativamente a memória dos 649 soldados mortos na Guerra de 1982.

Também há alertas sobre o risco de legitimar a presença do Reino Unido no Atlântico Sul — por meio do uso pesqueiro, exploração de petróleo e possível apoio logístico aos britânicos — o que, segundo opositores, enfraqueceria o reclamo territorial argentino.

A Economist destaca que as restrições britânicas à venda de armas, impostas após o conflito das Malvinas, podem ser flexibilizadas caso a Argentina realize compras grandes — incentivando a indústria de defesa do Reino Unido — cenário que interessa tanto a Londres quanto a Washington.

Desde que assumiu, Milei tem buscado alinhamento estreito com os EUA. Ele também tem expressado admiração por Margaret Thatcher e indicado que aceitará o controle britânico das Malvinas como condição para estreitar relações, inclusive sugerindo que a autodeterminação dos habitantes locais pode ser levada em conta.

Embora parte do governo defenda que o acordo melhora aspectos práticos — como voos, pesca e interação humanitária —, parte da oposição classifica o processo como em caráter secreto.

Deputados e veteranos afirmam se tratar de “entrega de soberania”, por permitir mais influência britânica na região. A vice-presidente Victoria Villarruel também protestou contra a retomada do diálogo militar e questionou se os argentinos estariam sendo “levados a brincar”, ao oferecer suporte que em muito beneficiaria os ocupantes das Malvinas.