
Originalmente publicado em Instituto Fome Zero
Em 2024, o Bolsa Família alcançou integralmente as metas previstas no PPA 2024-2027 (Plano Plurianual 2024–2027). O resultado, atestado por auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU), não se limita à formalidade do cumprimento de indicadores administrativos: representa um reencontro entre planejamento público e impacto concreto na vida de milhões de brasileiros.

Gerido pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), o programa distribuiu R$ 169 bilhões em benefícios ao longo do último ano, atingindo 20,49 milhões de lares em todo o território nacional. O valor médio repassado por família foi de R$ 666,01, com repasses mensais automáticos baseados em cadastros permanentemente atualizados e auditados. A engrenagem que sustenta esse processo é o Cadastro Único, ferramenta que garante precisão, capilaridade e controle social à distribuição de recursos públicos.
Mais do que números, os resultados demonstram a recuperação das perdas sociais acumuladas durante a pandemia de COVID-19 e a reativação de políticas sociais estruturadas.

Desde seu relançamento, em 2023, o programa passou a incorporar um desenho mais robusto, com novos critérios de proteção à primeira infância, condicionalidades retomadas nas áreas de educação e saúde, e foco na autonomia produtiva das famílias beneficiadas.
Entre os impactos mais relevantes está a significativa redução da extrema pobreza. A taxa entre beneficiários ficou em 4,4%, menos da metade dos 11,2% registrados entre pessoas fora da rede de proteção. O dado sintetiza o papel redistributivo do programa, com efeitos claros sobre a desigualdade de renda no país: em 2024, o índice de Gini caiu para 0,506, o menor valor da série histórica iniciada em 2012. No mesmo período, a renda domiciliar per capita aumentou 4,7%, alcançando R$ 2.020. Esses avanços são expressivos não apenas entre os que vivem na pobreza, mas também em setores intermediários da sociedade, demonstrando que a política social, quando bem desenhada, beneficia o tecido social como um todo.
Ao contrário da visão simplista que associa transferência de renda à estagnação econômica, o Bolsa Família se mostrou um catalisador da participação no mercado de trabalho. Das 1,69 milhão de vagas formais geradas em 2024, 75,5% foram preenchidas por beneficiários do programa, e outros 23,4% por pessoas inscritas no Cadastro Único. Os números indicam uma integração ativa entre assistência e inclusão socioeconômica, desmentindo o discurso de que programas sociais geram dependência.
A segurança alimentar, pauta negligenciada em diferentes ciclos políticos, voltou ao centro das prioridades. Em 2023, 24,4 milhões de pessoas deixaram a condição de insegurança alimentar grave. Esse dado, longe de ser apenas simbólico, representa o que há de mais elementar na construção de dignidade cidadã: a garantia do alimento básico.
O ministro Wellington Dias, à frente do Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome (MDS), reafirma a meta de retirar o Brasil do Mapa da Fome. O compromisso declarado não é meramente retórico. Ao alcançar a totalidade das metas do primeiro ano do PPA, o ministério sinaliza uma gestão orientada por resultados verificáveis e focada na redução das desigualdades mais profundas que atravessam o país.
A escala do programa impressiona, mas é no detalhe que ele se justifica. São famílias indígenas em territórios remotos, trabalhadores informais nos centros urbanos, mulheres chefes de família nos sertões nordestinos, crianças que voltaram à escola com regularidade. O Bolsa Família se converteu, novamente, em eixo estruturante das políticas públicas nacionais.
Em um país historicamente marcado por desigualdades e ciclos de exclusão, é raro que uma política pública consiga simultaneamente escala, eficácia e legitimidade social. O Bolsa Família, na atual gestão, atinge esses três pilares. Não há espetáculo, mas há solidez. Não há promessas vazias, mas entregas mensuráveis. Trata-se de uma política que cumpre o que promete — e, nesse caso, o que promete é comida no prato, dignidade no cotidiano e oportunidade no horizonte.
Num tempo em que tanto se questiona o papel do Estado, o desempenho do Bolsa Família em 2024 oferece uma resposta direta e fundamentada: quando o Estado opera com foco, transparência e prioridade aos mais vulneráveis, ele transforma. Atingir 100% das metas não é apenas uma conquista técnica. É um sinal de que, no Brasil real, políticas públicas ainda podem funcionar.