Aprovação de Lula sobe e rejeição recua após tarifaço de Trump, diz nova pesquisa Quaest

Atualizado em 16 de julho de 2025 às 7:27
Lula, presidente do Brasil. Foto: Ricardo Stuckert

A avaliação do governo Lula (PT) apresentou uma melhora, segundo levantamento Genial/Quaest divulgado nesta quarta-feira (16). A taxa de aprovação subiu de 40% para 43%, e a desaprovação caiu de 57% para 53%, em comparação com a rodada anterior da pesquisa, feita em 4 de junho.

Essa é a primeira reação positiva em pesquisas Genial/Quaest após um ciclo negativo iniciado em julho de 2024, corroborando a recuperação pesquisa Atlas Intel divulgada na última terça-feira (15). O estudo ouviu 2.004 pessoas presencialmente entre os dias 10 e 14 de julho, com margem de erro de dois pontos percentuais e nível de confiança de 95%.

Os dados mostram que a diferença entre aprovação e desaprovação caiu de 17 para 10 pontos. Essa oscilação ocorre em meio à repercussão do “tarifaço” imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra produtos brasileiros, e da campanha por justiça tributária, com foco na taxação dos super-ricos, encampada pelo governo.

A leitura é que esses dois temas, amplamente debatidos, favoreceram Lula especialmente entre eleitores de classe média, mulheres, pessoas de meia-idade e com inclinação política de centro.

Pesquisa Genial/Quaest: popularidade de Lula. Arte: O Globo

“A recuperação do governo aconteceu na classe média, com maior escolaridade, no Sudeste. São os segmentos mais informados da população, que se percebem mais prejudicados pelas tarifas de Trump, e que consideram que Lula está agindo de forma correta até aqui, por isso passam a apoiar o governo”, avaliou o cientista político Felipe Nunes, diretor da Quaest.

A melhora, no entanto, ainda não alcança os eleitores de menor renda. Entre os que recebem até dois salários mínimos, os números praticamente não se alteraram.

Já entre quem ganha entre dois e cinco salários, houve avanço, faixa que seria beneficiada pela proposta de isenção do Imposto de Renda. O percentual de entrevistados que consideram o governo ruim ou péssimo caiu de 43% para 40%. Já os que avaliam positivamente subiram de 26% para 28%, mesmo índice dos que veem a gestão como regular.

A adesão de fora da base tradicional do PT também se conecta à pauta tributária. “A campanha da taxação dos super-ricos teve incidência, principalmente em outros segmentos que não as elites. Entre os não beneficiários do Bolsa Família, caiu muito mais a desaprovação. Ou seja, existe uma expansão para fora da bolha”, observou a cientista política Mayra Goulart, professora da UFRJ.

Segundo o levantamento, 66% dos entrevistados apoiam que os mais ricos paguem mais impostos para aliviar a carga sobre os mais pobres. Esse apoio, contudo, cai para 60% quando se menciona o aumento da alíquota do Imposto de Renda para os chamados “super-ricos”, termo usado no questionário.

A narrativa de “ricos contra pobres”, adotada por setores do governo, tem apoio minoritário: 53% disseram não concordar com ela. Em relação ao conflito com os Estados Unidos, 44% acreditam que Lula está “mais certo” que Trump, contra 29% que atribuem razão ao bolsonarismo.

A avaliação favorável ao presidente se estende até mesmo entre os eleitores que se dizem sem preferência política definida. Por outro lado, 78% dos brasileiros afirmam que o tarifaço terá impacto negativo em suas vidas, e 84% defendem que governo e oposição atuem juntos para enfrentar a medida.

A pesquisa anterior havia sido feita logo após o anúncio e recuo parcial do aumento do IOF pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em meio a críticas e pressões do Congresso. Desde então, o governo editou novas medidas, sofreu derrotas no Legislativo e judicializou o tema no STF. Ainda assim, conseguiu marcar posição nas redes sociais com a campanha sobre justiça tributária e nacionalismo econômico.

A estratégia teve eco durante o anúncio da sobretaxa estadunidense, reforçando a imagem de Lula como defensor da soberania nacional. O Palácio do Planalto avalia que esse movimento ajudou a conter os danos do escândalo envolvendo fraudes no INSS, que havia abalado a imagem do governo.