O governo Lula (PT) pretende transformar a investigação comercial aberta pelos Estados Unidos contra o Brasil em uma ferramenta de comunicação política. A ação do governo Donald Trump, que inclui críticas ao Pix, sistema de pagamentos criado pelo Banco Central, será usada pelo Planalto para reforçar o discurso em defesa da soberania nacional. A popularidade do Pix entre os brasileiros será o principal argumento nas campanhas digitais.
A Secretaria de Comunicação da Presidência (Secom), comandada por Sidônio Palmeira, já discute a criação de peças para as redes sociais que destaquem o Pix como um patrimônio brasileiro ameaçado por interesses externos. O governo também pretende associar o ataque dos EUA à atuação de adversários internos, especialmente o bolsonarismo, que mantém alinhamento com Trump.
Pesquisas internas indicam que a rejeição aos EUA entre brasileiros está em alta e que a maioria desaprova o tarifaço anunciado por Trump. Isso sustenta a estratégia do Planalto de utilizar o episódio como reforço político para Lula, apresentando o presidente como defensor do Brasil contra ingerências internacionais e interesses políticos locais.
A investigação dos EUA, conduzida pelo Escritório do Representante do Comércio, não se limita ao Pix. Ela também cita desmatamento, corrupção, redes sociais e o comércio popular na Rua 25 de Março, em São Paulo.
O Planalto pretende explorar o destaque ao Pix como forma de aproximar o tema do cotidiano da população e fortalecer o apoio ao governo.
Mesmo apostando na politização do tema, o Planalto se mantém atento às pressões do setor empresarial, que pede moderação e diálogo com o governo americano. A Secom avalia os riscos de elevar o tom político para não prejudicar as relações comerciais e diplomáticas.
A resposta do governo integra a estratégia de consolidar Lula como líder capaz de proteger os interesses nacionais diante de pressões externas. O Pix será apresentado como símbolo de inovação e independência brasileira, em contraste com a postura da oposição, acusada de se alinhar aos interesses de Trump.