Centrão abandona Eduardo Bolsonaro e evita agir para salvar mandato; entenda

Atualizado em 17 de julho de 2025 às 8:09
O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL). Foto: Reprodução

Partidos do Centrão evitam se comprometer com qualquer articulação para salvar o mandato do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Mesmo diante da pressão de aliados de Jair Bolsonaro (PL), que tentam viabilizar uma saída política, líderes do bloco preferem não se envolver com propostas para alterar o regimento da Câmara, conforme informações do Globo.

Licenciado, Eduardo precisa retornar ao Brasil até domingo, fim de seu afastamento. Caso não compareça e ultrapasse o limite de faltas permitido, poderá ter o mandato cassado.

Em entrevistas concedidas a partir dos Estados Unidos, para onde fugiu, o “bananinha” afirma temer ser preso por ter articulado sanções contra ministros do STF. Embora tenha dito que não pretende retornar ao país, também garantiu que não renunciará ao mandato.

Dentro do PL, alternativas são discutidas para evitar a perda do mandato. Uma delas prevê mudar o regimento interno para permitir que Eduardo atue remotamente, mesmo fora do país.

Há pelo menos dois projetos nesse sentido: um do deputado Evair de Mello (PP-ES), que autoriza o exercício do cargo à distância; e outro do líder do PL na Câmara, Sóstenes Cavalcante (RJ), que sugere prorrogar a licença por mais 120 dias. Outra saída cogitada seria apresentar um atestado médico para justificar as ausências.

Apesar das tentativas, líderes do Centrão avaliam que a mudança regimental dificilmente seria aprovada. O cenário só deve se definir após o recesso parlamentar, em agosto. Mesmo que Eduardo ultrapasse o número de faltas, a cassação não é automática. O caso seria decidido pela Mesa Diretora da Câmara, como ocorreu com Chiquinho Brazão, que só perdeu o mandato meses depois de atingir o limite.

A resistência à ideia é grande. “Nem pensar. Casuísmo extremo referendando a tese esdrúxula de exilado político”, afirmou o líder do PDT na Câmara, Mário Heringer (MG), sobre a proposta de mudança no regimento para atender o filho do ex-presidente.

Eduardo x Tarcísio

A situação de Eduardo se agrava também por conta de ataques recentes contra Tarcísio de Freitas (Republicanos). Parlamentares do Centrão ficaram incomodados com a postura de confronto adotada por ele contra o governador paulista.

Eduardo chamou Tarcísio de “servil” por tentar negociar com empresários uma saída para o tarifaço imposto por Donald Trump sobre produtos brasileiros. Para o filho “03” de Bolsonaro, a única resposta aceitável seria uma anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro.

A avaliação do presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), é de que Eduardo “está totalmente errado” e que Bolsonaro deveria apoiar Tarcísio na condução de uma solução diplomática para o impasse com os Estados Unidos.

Após a repercussão negativa, Eduardo publicou uma mensagem recuando do tom. “Tive uma longa conversa com o governador”, escreveu. Segundo ele, ambos entenderam que “atuam na melhor das intenções do interesse dos brasileiros”.