Lula debocha de Bolsonaro após fala de Trump: “Não é amigo dele”

Atualizado em 17 de julho de 2025 às 17:41
O presidente Lula esteve presente no 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), realizado em Goiânia. Foto: Divulgação

Durante participação no 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), realizado em Goiânia nesta quinta-feira (17), o presidente Lula ironizou declarações recentes de Donald Trump sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele reagiu à afirmação do líder norte-americano de que não é amigo de Bolsonaro, apesar de tê-lo defendido publicamente.

“Além de pedir de forma desrespeitosa que a gente não mexesse com o Bolsonaro, [Trump disse] que ele não é amigo do Bolsonaro. Ele disse na televisão ontem: não sou amigo dele, mas ele é boa gente, ele fez o bem para o Brasil”, afirmou o petista, em tom irônico.

O comentário de Lula foi feito em meio à tensão diplomática crescente entre Brasil e Estados Unidos. O presidente americano anunciou a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto, em carta enviada diretamente ao Palácio do Planalto.

No documento, Trump associou a medida à suposta perseguição jurídica contra Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal, onde o ex-presidente responde por tentativa de golpe de Estado. Lula rejeitou o teor da carta e afirmou que responderá à altura, com base em princípios democráticos e respeito à soberania nacional.

“Nós não aceitamos que ninguém, de nenhum país fora do Brasil, se meta nos nossos problemas internos, que são dos brasileiros”, declarou o presidente. Ele também reforçou que a retaliação comercial será tratada com seriedade e equilíbrio. “Nós vamos responder da forma mais civilizada possível e da forma que um democrata responde”, acrescentou.

O presidente do Brasil, Lula, e o presidente dos EUA, Donald Trump. Foto: Divulgação

A carta enviada por Trump alega que a decisão de elevar tarifas se deve ao que chamou de “longa e muito injusta relação comercial engendrada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil”. Ainda segundo o republicano, a nova política econômica seria uma resposta à condução dos processos judiciais contra Bolsonaro, a quem o presidente americano disse “conhecer”, mas não considerar um amigo pessoal.

Trump havia comentado sobre o caso em uma entrevista no início da semana, ao dizer: “Ele [Bolsonaro] não é meu amigo, mas é alguém que conheço. Representa milhões de brasileiros, pessoas maravilhosas. Ama o Brasil e lutou muito por essas pessoas. Agora querem prendê-lo. Isso me parece uma caça às bruxas, e acho muito triste”.

O governo brasileiro vê nas declarações de Trump uma tentativa de interferência nos assuntos internos do país e avalia formas de resposta. Na equipe de Lula, o episódio reforça a tese de que a aproximação entre Bolsonaro e Trump pode trazer danos à imagem externa do Brasil.

Durante o evento da UNE, Lula ainda destacou que o Brasil tem o direito de tomar decisões soberanas e que não aceitará pressões estrangeiras. O tema do congresso, inclusive, foi alterado de última hora para “O Brasil se une pela soberania”.