
Para entender por que Alexandre de Moraes e Lula se tornaram figuras demonizadas pela extrema direita, é preciso conhecer o pensamento vivo de Peter Thiel, cofundador da Palantir, gigante do Vale do Silício, financiador do trumpismo, mentor de Elon Musk, “filósofo digital” e figura central na arquitetura digital do autoritarismo moderno.
Em entrevista recente, Thiel, um dos vinte homens mais ricos do mundo, afirmou que o anticristo surgiria travestido de defensor da “paz e segurança”, prometendo ordem em tempos de crise para justificar um sistema totalitário de controle global.
Ele se define como cristão heterodoxo, participando de eventos que exploram a interseção entre fé e tecnologia. Fala como um pastor, citando versículos e trechos obscuros da Bíblia.
A ironia está no fato de que é justamente esse o projeto que Thiel e aliados tentam implementar, a partir de uma simbiose entre empresas de dados e governos fascistas.
Thiel acusa uma figura ainda não nomeada de liderar esse novo Leviatã, mas o discurso deixa entrever seus alvos: qualquer autoridade estatal forte, laica, com poder de regulação sobre big techs, vigilância digital e finanças descentralizadas.
Moraes, ao comandar investigações contra redes de desinformação, punir ações golpistas e exigir que plataformas como X (antigo Twitter), Meta e Google cumpram a legislação brasileira, tornou-se o principal obstáculo ao avanço desse projeto de dominação digital.
Para Thiel e seus aliados, que financiam campanhas, algoritmos e sistemas de vigilância nos bastidores do trumpismo global, Moraes representa o inaceitável: um Estado soberano capaz de dizer “não”.
Essa paranoia messiânica é central no discurso de Peter Thiel. Ele não quer o fim do mundo — quer o fim da autonomia dos Estados nacionais diante de corporações como a sua. A Palantir, empresa fundada por ele com apoio da CIA, já controla sistemas de vigilância militar e sanitária nos EUA e firmou contratos bilionários com o Exército americano e o governo Trump.
Seu modelo ideal é o da governança algorítmica, em que a democracia é substituída por decisões baseadas em dados, e a soberania estatal, subordinada a “soluções” oferecidas por seus próprios softwares. Alexandre de Moraes e Lula são os inimigos lógicos desse modelo.
Os ataques a Moraes têm motivação clara: proteger Jair Bolsonaro, peça submissa de um projeto global autoritário. Trump voltou a ameaçar o Brasil com tarifas.
O plano, em essência, é sabotar Estados que desafiem essa hegemonia. Moraes encarna o antídoto contra o modelo de “um mundo só” dominado por algoritmos e bilionários. E por isso é descrito como anticristo — não por ser tirano, mas por ser barreira.