Brasil não aceita novo embaixador e Israel ficará sem representante em Brasília

Atualizado em 17 de julho de 2025 às 20:36
O embaixador Daniel Zonshine. Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

O embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zonshine, lamentou que deixará o país sem que o governo brasileiro tenha autorizado a entrada de seu sucessor. Durante encontros de despedida com parlamentares e lideranças evangélicas, Zonshine comentou que o nome de Gali Dagan foi encaminhado por Israel em janeiro, mas até agora o governo de Luiz Inácio Lula da Silva não concedeu o agrément, mecanismo diplomático que oficializa a aceitação de um novo representante. Com informações do Metrópoles.

Com o fim do mandato de Zonshine previsto para este mês de julho, a representação diplomática de Israel em Brasília ficará temporariamente sem embaixador.

O impasse evidencia o distanciamento nas relações entre os dois países, acentuado desde o retorno de Lula à presidência e o posicionamento crítico do Brasil em relação às ações militares israelenses no Oriente Médio.

Em sua despedida, Zonshine ressaltou que as relações entre israelenses e brasileiros devem se manter apesar das posturas políticas do governo brasileiro. Ele participou de um café da manhã de homenagem organizado por lideranças religiosas e políticas, incluindo parlamentares da Frente Parlamentar Evangélica e representantes de fóruns evangélicos de ação social e política.

O presidente Lula e o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Foto: Reprodução

O governo brasileiro tem adotado uma postura crítica a Israel, especialmente diante dos recentes ataques ao Irã. Desde o início da gestão Lula, o Brasil já publicou 64 notas oficiais condenando ações do governo israelense, enquanto apenas dez manifestações foram favoráveis. A diplomacia brasileira também se aproximou da Palestina, em meio à crescente tensão no Oriente Médio.

O desgaste diplomático se agravou após o Brasil se posicionar contra Israel na Corte Internacional de Haia, em ações que questionam os ataques israelenses.

Em paralelo, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, mantém relações próximas com Donald Trump, que recentemente voltou à presidência dos Estados Unidos, reforçando alianças internacionais que contrastam com a política externa brasileira.

A permanência do vazio diplomático na embaixada israelense em Brasília é um reflexo do momento de tensão entre os dois países.