Eduardo Bolsonaro chama Moraes de “gângster”, “ditador” e diz viver “em exílio”

Atualizado em 18 de julho de 2025 às 13:04
Eduardo Bolsonaro e seu arqui-inimigo, Alexandre de Moraes

O deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), foragido desde março nos EUA, divulgou nesta sexta-feira (18) uma nota oficial em que chama o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, de “ditador” e “gângster de toga”. A declaração foi feita após a operação da Polícia Federal que atingiu o ex-presidente Jair Bolsonaro, seu pai, e impôs medidas como o uso de tornozeleira eletrônica e recolhimento domiciliar aos fins de semana.

Na mensagem, Eduardo afirma ter recebido a notícia “com tristeza, mas sem surpresa” e acusa Moraes de transformar o STF em uma “arma pessoal para perseguições políticas”. Ele também se autodenomina “deputado federal em exílio”, já que está nos Estados Unidos e proibido de manter contato com o pai por decisão judicial.

Segundo Eduardo, Jair Bolsonaro “nunca se furtou a cumprir decisões judiciais”, embora o próprio ex-presidente tenha declarado, em 2021, que não obedeceria mais às ordens de Moraes. Na época, Bolsonaro recuou no dia seguinte após um acordo costurado com o ex-presidente Michel Temer. “Ele, para nós, não existe mais”, disse o líder de extrema-direita durante um ato na Avenida Paulista.

Bolsonaro no discurso em que atacou Moraes, em 7 de setembro de 2021

Ainda na nota, Eduardo menciona as tarifas impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e afirma que a operação da PF tenta criminalizar até ações do governo americano. “A decisão desta vez se apoia num delírio ainda mais grave: acusações construídas com base em ações legítimas dos EUA”, declarou. Para ele, o objetivo seria tornar seu pai um “refém”, colocando em risco as relações diplomáticas entre os dois países.

O deputado também rebateu a justificativa de que sua atuação em gabinetes norte-americanos seria uma ameaça à democracia brasileira. “Qual crime ele tá cometendo nos Estados Unidos? Atentado à democracia brasileira no Parlamento americano? Só se ele estivesse no Parlamento do Irã”, ironizou.

Na conclusão, Eduardo disse que as ações do ministro não têm mais efeito intimidador. “Silenciar meu pai não vai calar o Brasil. Eu e milhões de brasileiros seguiremos falando por ele – cada vez mais firmes, mais conscientes e mais determinados”, afirmou.

Leia o comunicado na íntegra:

NOTA À IMPRENSA

Recebi com tristeza, mas sem surpresa, a notícia da invasão da Polícia Federal à casa do meu pai nesta manhã. Há tempos denunciamos as ações do ditador Alexandre de Moraes — hoje, escancaradamente convertido em um gangster de toga, que usa o Supremo como arma pessoal para perseguições políticas. Mais uma vez, ele confirma tudo o que vínhamos alertando.

Não bastasse ordenar censura e medidas de coerção contra o maior líder político do Brasil — alguém que nunca se furtou a cumprir decisões judiciais e sempre participou do processo legal —, a decisão desta vez se apoia num delírio ainda mais grave: acusações construídas com base em ações legítimas do governo dos Estados Unidos, iniciadas logo após o anúncio das tarifas impostas por Donald Trump ao Brasil.

Na prática, Alexandre de Moraes está tentando criminalizar Trump e o próprio governo americano. Como é impotente diante deles, decidiu fazer do meu pai um refém. Com isso, além de atacar a democracia brasileira, ele ainda deteriora irresponsavelmente as relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos — um ato de sabotagem institucional de consequências imprevisíveis.

Alexandre precisa entender que suas ações intimidatórias não têm mais efeito. Não vamos parar. Silenciar meu pai não vai calar o Brasil. Eu e milhões de brasileiros seguiremos falando por ele — cada vez mais firmes, mais conscientes e mais determinados — até que a nossa voz seja ensurdecedora.

Eduardo Bolsonaro,
Deputado Federal em Exílio
Filho do Presidente Jair Bolsonaro