A orientação de Lula a ministros para não fortalecer narrativa bolsonarista

Atualizado em 18 de julho de 2025 às 15:30
Lula, presidente do Brasil. Foto: reprodução

O Palácio do Planalto tem orientado ministros a evitar comentários públicos sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que determinou o uso de tornozeleira eletrônica pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A estratégia do governo Lula (PT) busca neutralizar possíveis alegações de perseguição política por parte de aliados do réu por golpe de Estado.

Os ministros Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) e Sidônio Palmeira (Secretaria de Comunicação) são os principais responsáveis por disseminar a recomendação de cautela.

Palmeira, que se reuniu com Lula na manhã desta sexta-feira (18), tem orientado colegas a não alimentarem o debate sobre o tema quando consultados. “Não se deve levar esse assunto para dentro do governo”, tem afirmado o ministro da Secom em conversas com integrantes da Esplanada.

A postura contrasta com a euforia de militantes petistas nas redes sociais, que celebraram a medida do STF. No entanto, a cúpula do partido trabalha para conter os ânimos. “Bolsonaro é problema do Ministério Público e do Judiciário”, afirmou Edinho Silva, presidente eleito do PT.

A orientação é manter o foco em pautas como justiça tributária e soberania nacional, temas que vêm impulsionando a popularidade do governo em pesquisas recentes.

O ex-presidente Jair Bolsonaro

A decisão do STF ocorre em meio à tensão diplomática com os Estados Unidos. Na última semana, o presidente Donald Trump impôs tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, citando explicitamente o processo contra Bolsonaro como motivação.

O ex-presidente e seu filho Eduardo, que está nos EUA, vinham associando publicamente a revogação das tarifas à concessão de anistia – movimento que o ministro Alexandre de Moraes classificou como “atentado à soberania nacional” em sua decisão.

As medidas restritivas contra Bolsonaro, incluindo o recolhimento domiciliar e proibição de contatos com autoridades estrangeiras, foram determinadas em processo que tramita sob sigilo no STF desde 11 de julho.

A operação da Polícia Federal desta sexta-feira encontrou na residência do ex-presidente documentos relacionados a ação judicial movida nos EUA contra Moraes pela plataforma Rumble em parceria com empresa de Trump.