
O governo Lula estuda adotar medidas duras para enfrentar as sanções impostas pelos Estados Unidos, especialmente após a operação da Polícia Federal que atingiu Jair Bolsonaro e resultou na imposição de tornozeleira eletrônica pelo STF. Com informações do Estadão.
Entre as reações em análise estão a limitação da remessa de dividendos de empresas americanas com operações no Brasil e a quebra de patentes de medicamentos, uma estratégia já utilizada no passado em disputas comerciais.
A movimentação do Palácio do Planalto ocorre em meio à escalada de tensões provocada pela extrema direita internacional. O governo brasileiro teme que Donald Trump endureça ainda mais o tarifaço sobre produtos brasileiros, previsto para agosto, e prepara alternativas para defender a soberania nacional diante das ameaças comerciais e diplomáticas vindas dos EUA.
O bloqueio de dividendos de multinacionais é considerado uma resposta potente, mas há divergências dentro do governo quanto à efetividade e impactos dessa medida. O Planalto estuda definir limites progressivos para as remessas financeiras, de acordo com o tamanho do lucro obtido no Brasil, sem impedir completamente o envio de lucros ao exterior.

Outra frente de resposta avaliada é a quebra de patentes de medicamentos, especialmente considerando o peso da indústria farmacêutica americana. Um exemplo citado por técnicos do governo é o Mounjaro, medicamento de alto valor para diabéticos e no combate à obesidade. Essa estratégia foi eficaz no passado, durante a disputa do algodão com os EUA.
Além do setor farmacêutico, Lula também estuda formas de regular as big techs, pressionando por mudanças tributárias que possam transferir parte dos impostos pagos por essas empresas ao destino do consumo, e não à origem das companhias, que em sua maioria estão sediadas nos EUA. A proposta, discutida em fóruns como OCDE e G20, ganha força diante da resistência americana em regulamentar o setor.
A postura do governo é de esgotar o diálogo diplomático antes de adotar qualquer medida mais drástica. No entanto, o Planalto sinaliza que o Brasil não aceitará passivamente as ofensivas de Trump e de sua base internacional de extrema direita, que têm como alvo não apenas o governo Lula, mas também o STF e a democracia brasileira.