
Dois policiais civis de São Paulo e um advogado foram denunciados pelo Ministério Público por corrupção, vazamento de informações sigilosas e falsificação de documentos. A denúncia é fruto da Operação Agusta, conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) em parceria com a Polícia Federal. Segundo a investigação, o grupo atuava para beneficiar investigados mediante pagamento de propina, inclusive com a liberação irregular de um helicóptero de luxo apreendido.
Os alvos são os investigadores Sérgio Ricardo Ribeiro e Marcelo Marques de Souza, conhecido como Marcelo Bombom, além do advogado Anderson dos Santos Domingues. Bombom já estava preso desde fevereiro por suposta participação em um grupo de extorsão ligado ao empresário e delator Antônio Gritzbach, assassinado no aeroporto de Guarulhos. Ribeiro foi detido há três semanas. Já Domingues responde em liberdade.
O caso envolve também o piloto e empresário Roberval de Andrade, conhecido por competir na Copa Truck. Ele admitiu ter pago propina aos policiais para reaver um helicóptero modelo Agusta AW109, apreendido em uma operação contra o tráfico de drogas e armas. Roberval fechou acordo de não persecução penal com o Ministério Público, no qual confessou o crime, aceitou pagar multa de R$ 600 mil e perdeu a posse da aeronave.

A investigação teve início após a análise do celular de Marcelo Bombom, apreendido em uma operação anterior. As mensagens revelaram trocas com o investigador Ribeiro sobre esquemas para favorecer investigados, inclusive amigos pessoais. Em um dos diálogos, eles mencionam o pagamento de R$ 700 mil para a liberação do helicóptero de Roberval.
O advogado Anderson Domingues, segundo o MP, intermediava os pagamentos e chegou a discutir com Bombom, por áudios, o valor das comissões. Ele já havia sido alvo de outra operação da Polícia Federal por suposto envolvimento com tráfico internacional de drogas ligado ao PCC. Um dos filhos de Bombom trabalhava em seu escritório.
Além da liberação irregular da aeronave, os policiais são acusados de arquivar inquéritos de forma ilegal e compartilhar dados protegidos com o advogado. Em um caso, Bombom e Ribeiro teriam recebido R$ 10 mil para não avançar em uma investigação contra um empresário amigo. Embora o MP tenha solicitado a prisão de Domingues, a Justiça autorizou apenas busca e apreensão em seus endereços.