Crise entre Brasil e EUA se agrava com tarifas e revogação de vistos

Atualizado em 19 de julho de 2025 às 18:12
Lula e Trump: presidente americano anunciou taxas para o Brasil. Foto: Reprodução

As relações entre Brasil e Estados Unidos entraram em uma fase crítica após o governo de Donald Trump abrir uma investigação contra o Brasil por supostas práticas comerciais desleais. A medida se somou à revogação do visto americano de ministros do Supremo Tribunal Federal, incluindo Alexandre de Moraes, acusados por Washington de restringir a liberdade de expressão. Em resposta, o presidente Lula afirmou que Trump quer ser “imperador do mundo” e defendeu a soberania das instituições brasileiras.

Além do Brasil, o governo Trump também impôs tarifas comerciais pesadas a outros parceiros. No caso do Canadá, o presidente americano elevou as taxas para 35% e chegou a provocar os canadenses com declarações sobre transformar o país no “51º estado” dos EUA. O primeiro-ministro Mark Carney reagiu com firmeza, declarando que “o Canadá não está à venda” e afirmando que o relacionamento tradicional com os Estados Unidos “acabou”.

Com o México, a abordagem foi mais diplomática. A presidente Claudia Sheinbaum respondeu às ameaças de tarifas de 25% intensificando ações contra o tráfico de fentanil e a imigração ilegal. A postura conciliadora rendeu elogios públicos de Trump, embora ele tenha mantido pressões adicionais, incluindo nova ameaça de tarifa de 30% sobre produtos mexicanos.

Donald Trump, presidente dos EUA, e Xi Jinping, da China. Foto: Nicolas Asfouri/AFP

A China, por sua vez, adotou uma estratégia de confronto direto. Após uma escalada tarifária que chegou a 125% dos dois lados, os países acordaram uma trégua de 90 dias em maio. A pausa temporária permitiu negociações em Londres e um telefonema entre Trump e Xi Jinping, mas ainda não resultou em um pacto definitivo. Economistas temem que um impasse prolongado possa afetar o crescimento da economia chinesa.

No cenário brasileiro, a tensão se agravou após Trump anunciar uma tarifa de 50% sobre todos os produtos do Brasil a partir de 1º de agosto — a maior entre os parceiros comerciais dos EUA. Além disso, o Escritório do Representante de Comércio dos EUA abriu uma investigação específica contra o uso do Pix, alegando que a tecnologia restringe a concorrência.

A postura combativa de Trump tem impacto geopolítico, econômico e institucional. Enquanto alguns países, como o México, buscam acomodação diplomática, outros, como Canadá, Brasil e China, adotam resistência ou retaliação. O governo brasileiro agora se vê diante de um desafio inédito de reposicionamento nas relações bilaterais com os Estados Unidos, em meio a um cenário de guerra comercial global.