Aliados de Bolsonaro torcem por novas sanções de Trump para virar opinião pública contra Moraes

Atualizado em 20 de julho de 2025 às 10:15

Aliados de Jair Bolsonaro contam com a intensificação das sanções econômicas dos Estados Unidos para desgastar o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. A estratégia bolsonarista aposta no impacto direto sobre a população, caso as punições anunciadas pelo governo Trump afetem o funcionamento de satélites, sistemas de GPS e imponham restrições para viagens internacionais, especialmente aos EUA. O cálculo é que o desconforto público gere reação contra o magistrado, responsável por investigações que atingem o ex-presidente e seus filhos. Com informações da Folha.

Integrantes do Departamento de Estado dos EUA já alertaram parlamentares bolsonaristas de que novas medidas contra Moraes e o Brasil devem ser divulgadas na próxima semana. Na sexta-feira (18), o secretário de Estado Marco Rubio já havia anunciado a suspensão de vistos do ministro e de pessoas ligadas ao STF. A ofensiva é vista como uma retaliação direta ao Judiciário brasileiro, que também trava investigações sobre as conexões de Bolsonaro com tentativas golpistas.

Nos bastidores, um dirigente do PL afirmou que “a população vai querer linchar Moraes” — em sentido metafórico — caso as punições avancem para o campo econômico. Além das dificuldades financeiras, as sanções podem atingir setores estratégicos e tornar-se um fator de pressão política contra o Supremo. Aliados de Bolsonaro veem a crise diplomática com Trump como um combustível para enfraquecer o protagonismo de Moraes na cena política nacional.

Bolsonaro. Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO

A suspensão de vistos já teve impacto simbólico e alimentou a narrativa de perseguição internacional ao magistrado, especialmente entre apoiadores do ex-presidente nas redes sociais. O temor é que outras restrições impostas por Washington ampliem a tensão social e política no Brasil, criando um ambiente mais propício ao discurso bolsonarista.

O governo Lula, por sua vez, monitora o avanço das sanções com preocupação, especialmente pela possibilidade de afetarem setores da economia e deteriorarem a imagem do STF perante a opinião pública. Lula tem reforçado o discurso de defesa da soberania nacional e atribuído os ataques de Trump a uma tentativa de desestabilizar o governo e favorecer Bolsonaro.

Paralelamente, Moraes mantém o curso das investigações sobre a tentativa de golpe em 8 de janeiro de 2023 e o financiamento de atos antidemocráticos. A pressão externa, contudo, se soma à crescente campanha de desgaste promovida por bolsonaristas, que visam transformar as punições americanas em ferramenta política interna contra o Supremo.