Trump e a ameaça do GPS: entenda por que os EUA não podem cortar o sinal

Atualizado em 20 de julho de 2025 às 15:20
Donald Trump, presidente dos EUA – Foto: Reprodução

Nos últimos dias, um boato alarmante circulou nas redes sociais, sugerindo que os Estados Unidos poderiam suspender o acesso do Brasil ao sistema GPS (Global Positioning System) como retaliação em um suposto conflito diplomático. Essa alegação, que ganhou força em plataformas como o X, apontava para impactos catastróficos em diversos setores. No entanto, especialistas e fontes confiáveis desmentem veementemente essa informação, classificando-a como falsa e tecnicamente implausível.

A Dependência Brasileira do GPS

O Brasil, assim como a maior parte do mundo, depende do GPS, um sistema de geolocalização por satélites desenvolvido e gerenciado pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos desde a década de 1960. Essa infraestrutura é crucial para o funcionamento de setores vitais como transporte, aviação, logística, agricultura de precisão e até mesmo a sincronização de redes bancárias e de telecomunicações. O sistema opera com uma constelação de 32 satélites que fornecem sinais de Posicionamento, Navegação e Tempo (PNT), permitindo localização precisa em tempo real. A ausência de um sistema nacional de geolocalização robusto acentua a dependência do Brasil em relação a sistemas estrangeiros, tornando o país teoricamente vulnerável a interrupções.

GPS. Foto: Reprodução

Por Que a Suspensão Seletiva é Implausível

A narrativa de que os EUA poderiam ‘desligar’ o GPS para o Brasil surgiu em meio a tensões comerciais. Contudo, especialistas são unânimes em afirmar que cortar o sinal GPS seletivamente para um país é tecnicamente inviável. O GPS é um serviço público global, com acesso civil gratuito e aberto a qualquer nação, independentemente de atritos diplomáticos. Bloquear o sinal de forma seletiva exigiria mudanças técnicas complexas que afetariam não apenas o país-alvo, mas também empresas americanas operando na região, além de gerar sérias repercussões diplomáticas e econômicas em escala global.

Postagens em redes sociais que amplificaram o boato, sugerindo que a interrupção do GPS desestabilizaria desde aplicativos de navegação até a aviação e o agronegócio, carecem de evidências concretas e foram desmentidas por especialistas em geopolítica e telecomunicações, que reiteram a improbabilidade de tal medida.

Alternativas ao GPS Disponíveis para o Brasil
Embora o Brasil dependa significativamente do GPS, existem sistemas alternativos de navegação por satélite (GNSS) que poderiam mitigar os impactos de uma eventual interrupção. Esses sistemas, desenvolvidos por outras potências, já estão disponíveis no Brasil, ainda que em menor escala:

  • Galileo: Sistema europeu, de propriedade civil.
  • GLONASS: Sistema russo, de propriedade militar.
  • BeiDou: Sistema chinês, de propriedade militar e civil.

A maioria dos dispositivos modernos no Brasil suporta múltiplos sistemas GNSS, permitindo a transição para Galileo, GLONASS ou BeiDou em caso de interrupção do GPS. No entanto, a adaptação total de setores críticos, como aviação e agricultura, exigiria tempo e investimento em infraestrutura.