Encurralado, com tornozeleira e sem apoio: Bolsonaro enfrenta debandada no Centrão

Atualizado em 20 de julho de 2025 às 18:05
O ex-presidente Jair Bolsonaro chorando. Foto: Reprodução

A operação da Polícia Federal que impôs tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a repercussão negativa do tarifaço imposto por Donald Trump aos produtos brasileiros aprofundaram o isolamento do ex-mandatário. O movimento causou recuo no apoio do Centrão e reacendeu discussões internas sobre a necessidade de uma nova liderança para a direita nas eleições de 2026. Dirigentes de partidos como União Brasil, PP e MDB defendem que Bolsonaro abandone a ideia de candidatura e assuma o papel de fiador de um nome de consenso, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

A estratégia de Bolsonaro de se manter como principal nome da oposição tem perdido força diante do avanço das investigações e do desgaste provocado por declarações de seu filho, Eduardo Bolsonaro, em apoio às tarifas de Trump. Para integrantes do Centrão, tais posturas atrapalham a articulação de uma alternativa viável contra Lula. A avaliação é de que o protagonismo de Bolsonaro virou um entrave e que Tarcísio, apesar de manter relação com o bolsonarismo, tem buscado se descolar do núcleo mais radical.

Valdemar Costa Neto, presidente do PL, e Jair Bolsonaro. Foto: reprodução

Nos bastidores, Bolsonaro se reuniu com líderes como Ciro Nogueira (PP), Valdemar Costa Neto (PL) e Antônio Rueda (União Brasil) na tentativa de preservar sua influência. No entanto, também demonstrou preocupação com as consequências das ações de Eduardo, que segue nos EUA e poderá ter faltas não justificadas no Congresso a partir desta semana, já que sua licença parlamentar chega ao fim. O presidente da Câmara, Hugo Motta, e demais líderes da Casa não indicaram disposição para ajudá-lo.

A anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, bandeira bolsonarista no Congresso, segue sem perspectiva de avanço. Ainda assim, os partidos de centro-direita descartam, por ora, lançar um nome à revelia do ex-presidente. A meta é uma costura conjunta, desde que Bolsonaro aceite apoiar Tarcísio como candidato. Até o momento, esse apoio explícito não ocorreu, o que pode comprometer as articulações a partir de agosto, quando o Congresso retoma os trabalhos.

Mesmo com o desgaste crescente, a senadora Damares Alves afirmou que Michelle Bolsonaro assumirá o papel de liderança pública do campo bolsonarista enquanto o marido estiver silenciado. “Ela é a mulher que vai nos conduzir. Ela é a líder da oposição, a nossa líder”, declarou. A ex-primeira-dama deve intensificar sua atuação política para manter coeso o eleitorado conservador.