Governo Lula e aliados de Bolsonaro veem prisão do ex-presidente como iminente

Atualizado em 22 de julho de 2025 às 10:15
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao lado de apoiadores no Congresso. Foto: Vinícius Schimidt

O governo Lula e a oposição chegaram à terça-feira (22) com uma avaliação em comum: a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é considerada iminente e pode ocorrer ainda hoje, por ordem do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, conforme informações do Metrópoles.

A avaliação se baseia na violação de medidas cautelares impostas pelo magistrado, que proibiu Bolsonaro de participar de transmissões em redes sociais, incluindo entrevistas, sob pena de prisão.

A decisão de Moraes foi motivada pela aparição de Bolsonaro na Câmara dos Deputados, na última segunda-feira (21), onde o ex-presidente exibiu a tornozeleira eletrônica que está obrigado a usar por ordem do STF.

Diante de apoiadores, ele chamou a medida de “covardia” e “humilhação”. Agora, a defesa do ex-capitão tem poucas horas para justificar o descumprimento, sob o risco de prisão imediata.

Cenário sem Bolsonaro

Nos bastidores, tanto o PL quanto o PT se surpreenderam com a possibilidade de uma prisão tão próxima. Até então, a expectativa entre aliados e adversários era de que uma eventual detenção só ocorresse no fim do ano, com novembro como aposta recorrente.

Com o agravamento do cenário, petistas e bolsonaristas reconhecem que Bolsonaro pode deixar a política de forma abrupta e sem sucessor definido, o que acirraria a disputa interna na direita.

Segundo dirigentes do PL, a legenda foi pega desprevenida e montou um esquema de plantão em Brasília para agir rapidamente caso Bolsonaro seja preso. Parte da sigla acredita que não há justificativa legal para a detenção, mas teme um julgamento com viés político.

Já outra ala, mais pragmática, enxerga a eventual prisão como uma oportunidade de reorganizar a direita antes de 2026, especialmente em estados onde Bolsonaro é considerado “tóxico”.

Expectativa da esquerda

Na esquerda, a expectativa também é de que a prisão se concretize. Para o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), “Bolsonaro não vai abrir mão de defender o golpe continuado” e “vai continuar atacando as instituições”.

Ele afirma que a prisão preventiva é necessária para frear o que chama de “campanha organizada, transnacional, para deslegitimar as instituições e interferir no julgamento”.

“Eles funcionam com uma organização criminosa contra o Brasil e contra as instituições, em especial o Supremo. Então não vejo outro caminho senão a prisão preventiva de Jair Bolsonaro, para tentar fazer cessar a obstrução de Justiça. Não é questão legal só de [risco de] fuga dele. É parar essa campanha organizada, transnacional, para deslegitimar as instituições e interferir no julgamento”, disse o petista.

No Palácio do Planalto, interlocutores do presidente Lula (PT) admitem que o governo ainda não tem uma estratégia definida para o novo cenário.

Avalia-se que a prisão de Bolsonaro pode ou reduzir a polarização, diminuindo o protagonismo da extrema-direita, ou provocar instabilidade, com uma guerra interna no campo conservador entre nomes como Eduardo Bolsonaro e Tarcísio de Freitas, que recentemente se desentenderam por divergências sobre sanções de Donald Trump ao Brasil.