Ozzy Osbourne: a vida do Príncipe das Trevas em 10 momentos marcantes

Atualizado em 22 de julho de 2025 às 16:47
Ozzy Osbourne

Ozzy Osbourne, morto nesta terça-feira (22) aos 76 anos, foi mais do que um vocalista de rock — ele se tornou símbolo de um estilo de vida extremo, caótico e, ao mesmo tempo, profundamente influente. Desde os anos 1970, sua trajetória deixou uma marca definitiva no heavy metal e na cultura pop. Abaixo, relembramos 10 momentos fundamentais que explicam por que ele se tornou o “Príncipe das Trevas”.

1. Black Sabbath e o nascimento do heavy metal (1969)

Foi em Birmingham, na Inglaterra industrial, que Ozzy se uniu a Tony Iommi, Geezer Butler e Bill Ward para formar o Black Sabbath. Com riffs pesados, letras obscuras e uma sonoridade até então inédita, o grupo lançou seu primeiro álbum, Black Sabbath, em 1970. A faixa-título, marcada por tritonos e um clima sombrio, é considerada por muitos como o ponto de origem do heavy metal.

O impacto foi imediato: a crítica rejeitou, mas o público aderiu. O som do Sabbath contrastava com o otimismo do rock psicodélico da época. Ozzy, com sua voz melancólica e presença enigmática, tornou-se o rosto desse novo gênero. A estética sombria virou marca registrada e influenciou milhares de bandas ao redor do mundo.

2. “Paranoid” e o sucesso global (1970)

Poucos meses depois do disco de estreia, o Sabbath lançou Paranoid, um dos álbuns mais importantes da história do rock. Com clássicos como “War Pigs”, “Iron Man” e a faixa-título, o disco atingiu o topo das paradas britânicas e ganhou destaque nos Estados Unidos.

A voz de Ozzy soava como um grito de desespero que traduzia a angústia de uma geração. O disco consolidou o Black Sabbath como referência do gênero e ajudou a abrir espaço para o heavy metal em rádios e palcos dominados pelo rock progressivo e pela música pop.

3. Expulsão da banda e o fundo do poço (1979)

Depois de quase uma década de sucesso, os excessos cobraram seu preço. O abuso constante de álcool e drogas tornou Ozzy instável e pouco produtivo. Em 1979, ele foi expulso do Black Sabbath pelos próprios colegas, que já não conseguiam lidar com sua deterioração física e emocional.

Sem banda, afundado em vícios e isolado em um quarto de hotel, Ozzy chegou a acreditar que sua carreira havia acabado. Foram meses mergulhado no álcool, até que Sharon Arden, filha do empresário Don Arden, interveio e passou a gerenciar sua carreira. Mais tarde, ela se tornaria sua esposa e principal aliada.

4. Carreira solo e o clássico “Crazy Train” (1980)

Com o apoio de Sharon, Ozzy montou uma nova banda e lançou Blizzard of Ozz em 1980. O álbum foi um sucesso inesperado, com músicas como “Crazy Train”, “Mr. Crowley” e “Suicide Solution”, que mostravam um artista renovado, mas ainda carregando sua aura sombria.

A guitarra virtuosa de Randy Rhoads combinava perfeitamente com os vocais de Ozzy, criando um som moderno e poderoso. Blizzard of Ozz não só salvou sua carreira, como abriu um novo capítulo que o colocaria entre os grandes nomes do rock solo mundial.

5. A morte de Randy Rhoads (1982)

No auge da parceria com Ozzy, o guitarrista Randy Rhoads morreu em um acidente aéreo em 19 de março de 1982. O avião em que ele estava colidiu com um ônibus da turnê enquanto sobrevoava o local como brincadeira. Rhoads tinha apenas 25 anos.

A tragédia devastou Ozzy emocionalmente. Ele entrou novamente em um período de instabilidade, mas decidiu seguir com a carreira como uma forma de honrar o legado do amigo. A perda de Rhoads é vista até hoje como uma das maiores tragédias da história do rock.

6. O episódio do morcego (1982)

Também em 1982, durante um show em Iowa, Ozzy mordeu a cabeça de um morcego vivo jogado por um fã no palco. Pensando que o animal era de borracha, ele só percebeu a gravidade do ato quando foi levado às pressas ao hospital para tomar vacina contra raiva.

O episódio ganhou repercussão mundial e virou lenda. Embora tenha sido alvo de críticas, Ozzy soube se apropriar do acontecimento para fortalecer sua imagem de figura imprevisível e transgressora. A imagem dele com o morcego virou símbolo do rock extremo.

7. A prisão após urinar no monumento do Álamo (1982)

Ainda em 1982, Ozzy foi preso no Texas após urinar em um monumento em homenagem ao Álamo, um dos principais símbolos históricos dos Estados Unidos. O detalhe curioso é que ele estava vestido com roupas de Sharon, pois ela havia escondido as dele para impedir que saísse do hotel.

O caso teve forte repercussão e quase lhe custou o direito de se apresentar em várias cidades americanas. Foi mais um exemplo do quanto sua persona pública oscilava entre o ridículo e o lendário.

8. Reabilitações e recaídas (anos 1990–2000)

Durante os anos 1990 e 2000, Ozzy alternou entre turnês bem-sucedidas e internações para tratar seus vícios. Foram diversas idas e vindas à reabilitação, e em várias entrevistas ele assumiu que nunca esteve completamente sóbrio por longos períodos.

Mesmo assim, conseguiu manter uma carreira produtiva, lançar novos discos e fazer grandes shows. Sua capacidade de resistir aos próprios excessos virou motivo de fascínio e estudo — como se Ozzy fosse uma anomalia da biologia e da música.

9. The Osbournes: de lenda do rock a astro de reality show (2002)

Em 2002, estreou na MTV The Osbournes, um reality que mostrava o cotidiano caótico da família. Com Ozzy atrapalhado, Sharon controladora e os filhos Kelly e Jack vivendo entre festas e conflitos, o programa virou febre e quebrou recordes de audiência.

A série apresentou Ozzy para uma nova geração que pouco conhecia seu passado musical. De ícone do metal, ele virou celebridade pop e ajudou a consolidar o formato de reality familiar que seria explorado por outras celebridades nos anos seguintes.

10. Despedidas, Parkinson e o fim dos palcos (2019–2023)

Em 2019, Ozzy revelou ter sido diagnosticado com Parkinson. Nos anos seguintes, enfrentou problemas graves na coluna e cancelou turnês, admitindo que não conseguiria mais subir aos palcos. Ainda assim, lançou dois álbuns aclamados: Ordinary Man (2020) e Patient Number 9 (2022).

Mesmo afastado da cena ao vivo, Ozzy manteve sua presença cultural com entrevistas, aparições públicas e homenagens. Sua morte encerra uma era — a de um artista que viveu no limite e sobreviveu para contar histórias que poucos ousariam inventar.