A Justiça de São Paulo aceitou a denúncia do Ministério Público contra Augusto Melo, presidente afastado do Corinthians, e mais cinco pessoas envolvidas em irregularidades no contrato entre o clube e a empresa de apostas Vai de Bet. Os acusados agora são réus por crimes como associação criminosa, furto qualificado e lavagem de dinheiro. A promotoria estima um prejuízo de R$ 40 milhões causado ao clube.
Segundo o MP, os valores desviados teriam sido usados para quitar dívidas de campanha eleitoral de Augusto Melo à presidência do Corinthians. O contrato com a Vai de Bet, avaliado em R$ 360 milhões, teria sido intermediado por empresas de fachada e por pessoas ligadas ao mandatário. O Ministério Público solicitou o bloqueio de bens dos envolvidos para garantir a devolução do valor supostamente desviado.
A defesa de Augusto Melo classificou a denúncia como “kafkiana e ilegal” e afirmou que irá apresentar pedidos de habeas corpus. Os advogados do dirigente argumentam que a campanha eleitoral dele foi modesta e baseada em doações voluntárias. Já a defesa de outros réus, como Ulisses de Souza Jorge, afirma que o acusado sequer foi ouvido antes da denúncia, que considera “absurda”.
O inquérito também aponta que Augusto Melo teria sido ameaçado de morte por um agiota da zona leste de São Paulo devido a dívidas não quitadas das campanhas de 2020 e 2023. Uma denúncia anônima entregue à polícia revelou nomes de empresários e figuras do futebol como possíveis financiadores informais da campanha, além de sugerir o uso de colete à prova de balas por parte do dirigente.
A investigação policial revelou inconsistências no depoimento de envolvidos sobre a negociação do contrato. Embora Alex Cassundé tenha sido oficialmente apontado como o intermediário, a polícia identificou outros três nomes como verdadeiros articuladores do negócio. Empresas como Wave Intermediações e UJ Football Talent são citadas como participantes do esquema.
Augusto Melo foi afastado do cargo após aprovação de seu impeachment pelo Conselho Deliberativo do clube em maio. Uma nova votação, com participação dos sócios do Corinthians, está marcada para agosto e decidirá pela cassação definitiva de seu mandato. No momento, o vice-presidente Osmar Stabile comanda o clube de forma interina.