Eduardo ignora aliados, mantém postura de ditador e volta a atacar Tarcísio

Atualizado em 24 de julho de 2025 às 12:51
Eduardo Bolsonaro. Foto: Divulgação

Eduardo Bolsonaro intensificou sua postura ditadora nesta quarta-feira (24), ignorando apelos de aliados para adotar uma linha mais moderada. Em vez disso, ele dobrou a aposta ao enfrentar diretamente senadores que articulam medidas contra os impactos das tarifas de 50% impostas pelo governo de Donald Trump sobre produtos brasileiros.

A atitude aumentou a tensão dentro da oposição e causou desconforto até entre antigos aliados bolsonaristas. Ele também voltou a criticar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, principal nome da direita que tenta se consolidar como alternativa a Jair Bolsonaro para 2026.

O deputado criticou publicamente a aproximação de Tarcísio com o Movimento Brasil Livre (MBL), grupo crítico à família Bolsonaro. No Palácio dos Bandeirantes, a ordem é não responder, evitando ampliar o desgaste político.

Na segunda-feira (22), Eduardo admitiu ter participado de reuniões com autoridades dos Estados Unidos antes do anúncio das novas tarifas contra o Brasil. A revelação ocorreu após a operação da Polícia Federal que impôs medidas cautelares ao ex-presidente Jair Bolsonaro, incluindo o uso de tornozeleira eletrônica.

O gesto do “traidor da pátria” contrariou setores da oposição que buscavam uma posição mais pragmática diante da taxação americana. A estratégia era evitar associar o Congresso às ações mais radicais da ala bolsonarista, que tem defendido Donald Trump mesmo em meio a prejuízos concretos para a economia nacional.

A insistência em proteger o presidente norte-americano tem deixado a oposição vulnerável ao discurso do governo Lula. Uma pesquisa Quaest divulgada em 16 de julho revelou que 84% dos brasileiros esperam que governo e oposição se unam para defender os interesses do país.

Já 72% dos entrevistados disseram considerar equivocada a medida de Trump ao taxar produtos brasileiros em defesa de Bolsonaro, atualmente réu em processo que investiga tentativa de golpe de Estado. Os números indicam um desgaste político crescente para Eduardo.

O movimento do deputado enfraqueceu tentativas de contenção dentro do Congresso. Parlamentares que buscavam preservar seu mandato passaram a ver a situação como insustentável diante da radicalização. Mesmo aliados próximos avaliam que o custo político de manter esse alinhamento com Trump pode ser alto demais, inclusive para as chances de sobrevivência política do próprio “bananinha” e de seu pai.

A atuação de Eduardo Bolsonaro também produziu um efeito inesperado: a formação de consenso entre o Palácio do Planalto e líderes do Congresso Nacional. Mesmo em campos ideológicos opostos, há entendimento comum de que a ofensiva comercial de Trump contra o Brasil fere a soberania nacional. O tema tem potencial para unir setores de esquerda e direita diante de uma ameaça externa percebida como real e injustificável.

Enquanto isso, Tarcísio de Freitas se distancia do conflito, buscando preservar sua imagem como gestor técnico e evitar contaminação pela crise. O silêncio estratégico do governador paulista indica que, ao menos por enquanto, a ala moderada da direita brasileira não pretende seguir Eduardo no caminho do confronto direto com o governo norte-americano.