VÍDEO – “CIA ama e monitora Eduardo Bolsonaro”, disse ex-agente ao DCM

Atualizado em 24 de julho de 2025 às 13:36
Sara Vivacqua entrevistando John Kiriakou, ex-agente da CIA, em 2021. Foto: reprodução

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) está analisando indícios sobre o envolvimento da CIA, agência de inteligência dos Estados Unidos, em ações de espionagem e desestabilização política no Brasil, segundo informações do colunista Jamil Chade, publicadas no UOL nesta quinta-feira (24). A atuação da CIA no país não seria recente, mas estaria ganhando novos contornos com a escalada de ações do governo de Donald Trump contra o Brasil.

John Kiriakou, ex-agente da CIA, já havia revelado em entrevista ao DCM, em 2021, que a agência estadunidense mantinha vigilância sobre o Brasil, incluindo o foco na família Bolsonaro. Na ocasião, ele afirmou que Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), não deveria temer o monitoramento, uma vez que a agência “ama homens fortes e políticos fascistas de direita”.

Kiriakou também destacou que o monitoramento de Jair Bolsonaro durante seu governo não visava necessariamente uma ação contra ele, mas sim a coleta de informações estratégicas para benefício econômico dos EUA. “As informações coletadas não são apenas para ficar nos arquivos da CIA, é para compartilhar com empresas dos EUA a fim de dar-lhes vantagens no comércio, nas bancas, nas finanças”, explicou.

“Você pode usar esse tipo de retenção de várias maneiras e, geralmente, no final das contas, o motivo é financeiro”, explicou o ex-agente. Relembre: 

Agentes da Abin avaliam que as recentes ações de bolsonaristas, incluindo ataques às instituições brasileiras, podem ser influenciadas por um roteiro estratégico conduzido pela Casa Branca, com participação direta da CIA.

Um dos pontos de preocupação é o comportamento de Eduardo, que tem desafiado abertamente a Polícia Federal (PF) e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo um agente da Abin no exterior, “trata-se de um típico roteiro elaborado pela CIA, alimentando atores nacionais para justificar um interesse estratégico estrangeiro”.

A estratégia lembra eventos de 2022, quando o então diretor da CIA, William Burns, veio ao Brasil para alertar os militares sobre a falta de apoio dos EUA a um eventual golpe de Estado. Agora, com a possível volta de Donald Trump à presidência americana, o cenário poderia se inverter.

A avaliação da Abin sugere que as recentes medidas econômicas dos EUA contra o Brasil, como o aumento de tarifas, estariam sendo justificadas como ações “em defesa do povo brasileiro”, enquanto, na prática, serviriam a interesses comerciais e políticos. O plano incluiria figuras como Eduardo, Allan dos Santos e Paulo Figueiredo no papel de “exilados políticos”, enquanto Jair Bolsonaro seria retratado como um líder “injustiçado” e o governo Lula (PT) como autoritário.

“A palavra-chave é desestabilização”, afirmou um agente de inteligência. O objetivo seria enfraquecer o governo brasileiro em um momento de polarização, criando condições para que os EUA tenham um aliado forte no país em 2026.

Em agosto de 2024, antes das eleições nos EUA, o Itamaraty enviou uma delegação para mapear figuras-chave ligadas a Trump e propor canais de diálogo, mas as sugestões não avançaram. A Abin também recomendou traçar um perfil psicológico do ex-presidente americano para identificar possíveis pontos de negociação.