VÍDEO – Lula desafia Trump: “Se ele estiver trucando, vai tomar um 6”

Atualizado em 24 de julho de 2025 às 16:05
Lula, presidente do Brasil, em evento no Vale do Jequitinhonha. Foto: reprodução

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (24) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, se recusa a negociar sobre as tarifas de 50% que serão impostas a produtos brasileiros a partir de 1º de agosto. Em discurso em Minas Gerais, Lula criticou a postura de Trump e reafirmou a disposição do Brasil em dialogar, mas sem abrir mão de sua soberania.

“Ele não quer conversa. Se quisesse conversar pegava o telefone e me ligava”, disse Lula, destacando que mantém contato com diversos líderes mundiais. O presidente brasileiro comparou a situação a um jogo de truco: “Eu não sou mineiro, mas sou bom de truco. Se ele tiver trucando, ele vai tomar um 6”.

As declarações de Lula ocorrem após Trump anunciar, no início do mês, a imposição de tarifas sobre produtos brasileiros, justificando a medida com alegações de que o Brasil estaria atacando as eleições estadunidenses e os direitos de liberdade de expressão. O republicano também mencionou o que chamou de “caça às bruxas” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

“Primeiro, ele acredita em bruxa? Alguém aqui acredita em bruxa para ter caça às bruxas? Eu não acredito”, rebateu Lula, classificando a carta de Trump como contendo “três mentiras”: a perseguição a Bolsonaro, o suposto déficit comercial dos EUA com o Brasil e a alegação de que o país quer controlar redes sociais.

Veja o momento da fala de Lula: 

Em tom enfático, Lula defendeu a autonomia do Brasil: “Nós temos 8 milhões e meio de quilômetros quadrados de terra para proteger. Nós temos 8.500 quilômetros de fronteira marítima para proteger […] Este país é do povo brasileiro”.

O presidente destacou ainda os recursos naturais do país e afirmou: “Imperador do mundo nós não queremos”.

O chefe do Executivo brasileiro também mencionou o sistema de pagamentos Pix como exemplo de inovação nacional que estaria incomodando interesses estrangeiros: “O Pix está acabando com o cartão de crédito. E o cartão de crédito é uma roubalheira”.

Enquanto outros países como Reino Unido, China e Japão já conseguiram acordos para evitar as tarifas, as negociações entre Brasil e EUA permanecem paralisadas. O governo brasileiro avalia que os estadunidenses resistem ao diálogo porque querem incluir na pauta assuntos internos do Brasil, como processos judiciais contra Bolsonaro e a regulação de plataformas digitais.

Segundo assessores, a posição brasileira é clara: só aceita negociar questões comerciais. “Se os Estados Unidos quiserem negociar, o Lulinha estará pronto para negociar. Mas desaforo só da dona Lindu”, afirmou Lula, referindo-se à sua mãe.

A próxima semana deve marcar uma nova tentativa de aproximação, com uma delegação de senadores brasileiros viajando para Washington. No entanto, até o momento não estão previstos encontros com representantes do governo dos EUA, apenas com empresários e parlamentares.