
O Ministério das Relações Exteriores informou nesta sexta-feira (25) que produtores brasileiros têm enfrentado dificuldades para exportar para a Venezuela. Em nota, o Itamaraty afirmou que busca normalizar o comércio bilateral. Com informações do G1.
A Venezuela teria passado a cobrar tarifas de até 77% sobre produtos brasileiros. A medida, se confirmada, viola o Acordo de Complementação Econômica nº 69 (ACE 69), que impede a cobrança de impostos de importação entre os dois países.
O Itamaraty e o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC) acompanham o caso. A Embaixada do Brasil em Caracas está em contato com autoridades locais para entender a natureza das barreiras e tentar restabelecer a fluidez do comércio. Em 2024, o comércio bilateral somou US$ 1,6 bilhão — sendo US$ 1,2 bilhão em exportações brasileiras, principalmente de açúcar, milho e alimentos processados.
Em Roraima, a Federação das Indústrias do Estado (FIER) afirmou que iniciou apurações sobre possíveis falhas na aceitação dos Certificados de Origem por parte das autoridades venezuelanas. A entidade destaca que os documentos seguem as normas da ALADI (Associação Latino-Americana de Integração) e o ACE 69, e que segue em diálogo com autoridades de ambos os países.
A tensão comercial coincide com um cenário político mais frio entre Brasil e Venezuela. Apesar da relação histórica entre os presidentes Lula e Nicolás Maduro, os dois têm protagonizado trocas públicas de críticas. Lula chegou a cobrar transparência nas eleições venezuelanas de 2024, o que gerou reações negativas de Maduro.
O líder venezuelano contestou as críticas, inclusive divulgando informações falsas sobre o processo eleitoral brasileiro. A oposição na Venezuela alega fraude no pleito que declarou Maduro vencedor sobre Edmundo González, e cobra a divulgação das atas eleitorais, que é proibida pela Suprema Corte, aliada ao governo.