
A base de apoio do governo Lula (PT) composta por cinco partidos de centro e direita, monitoram os efeitos da crise política envolvendo a sobretaxa anunciada por Donald Trump e o cerco do ministro Alexandre de Moraes a Jair Bolsonaro (PL). As siglas avaliam se essas movimentações podem alterar suas estratégias para as eleições presidenciais de 2026. Com informações da Folha de S.Paulo.
Embora o discurso majoritário seja de cautela, dirigentes reconhecem que o isolamento político de Bolsonaro e de seus aliados mais radicais abre espaço para mudanças futuras. Isso, contudo, não significa adesão definitiva ao projeto lulista, já que setores dessas legendas mantêm vivo o plano de abandonar o governo antes da disputa eleitoral.
A principal preocupação desses partidos é a falta de garantia de que Lula conseguirá uma recuperação significativa de popularidade. Há divergências internas sobre o momento certo para um possível desembarque, que poderia ocorrer ainda em 2025 ou somente em 2026, dependendo do cenário político.
Dentro desse grupo, o nome do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), segue como a principal aposta para enfrentar Lula. Apesar de desgastes causados por sua imagem associada ao trumpismo —especialmente após aparecer com um boné Maga—, Tarcísio continua sendo visto como a alternativa mais viável para unir o centrão. A expectativa é de que ele conte com o apoio do bolsonarismo, mas sem que um integrante da família Bolsonaro lidere a chapa.

Nos bastidores, o presidente do PP, Ciro Nogueira, pressiona pelo rompimento com o governo Lula ainda este ano. Ele defende que União Brasil e PP se afastem da Esplanada dos Ministérios após oficializarem a federação União Progressista, em evento marcado para 19 de agosto. No entanto, lideranças influentes das duas siglas defendem esperar até abril, quando os ministros que disputarão cargos eletivos precisam deixar suas funções.
Esses partidos, juntos, controlam quatro ministérios e a Caixa Econômica Federal. No PP, os principais cargos são o Ministério dos Esportes, chefiado por André Fufuca (MA), e a Caixa, sob influência de Arthur Lira (AL). Já o União Brasil comanda Turismo, Desenvolvimento Regional e Comunicações, com ministros indicados por Davi Alcolumbre (AP), aliado próximo do governo. A perda desses espaços gera resistência entre parlamentares que possuem indicações em órgãos federais.
No Palácio do Planalto, a avaliação é de que as ameaças de rompimento têm sido mais retóricas do que efetivas. O governo aposta que, mesmo que PP e União Brasil abandonem formalmente a base, manterão neutralidade no primeiro turno de 2026. A estratégia lulista inclui reforçar alianças regionais, especialmente com figuras como Alcolumbre, e cogitar negociar a vice-presidência para atrair partidos como o MDB.
Entre os emedebistas, entretanto, a sinalização é clara: o apoio formal só ocorrerá se Lula alcançar um índice de popularidade que o torne favorito à reeleição. O recente episódio da sobretaxa de Trump fortaleceu alas do governo que defendem a permanência de Geraldo Alckmin (PSB) como vice em 2026, consolidando a composição atual da chapa.