
Veículos que transportavam ajuda humanitária foram saqueados nesta manhã no norte da Faixa de Gaza. Os caminhões haviam cruzado a fronteira levando alimentos para a Cidade de Gaza, mas a carga foi tomada por moradores famintos antes de chegar ao destino.
Segundo o jornalista Hani Mahmoud, da “Al Jazeera”, cerca de dez caminhões integravam o comboio. Parte deles foi cercada por uma multidão desesperada por farinha e outros mantimentos. Imagens mostram pessoas subindo nos veículos e carregando sacos de alimentos nas costas, enquanto outras ficaram feridas durante a disputa pelos produtos.
A carga era destinada à área mais populosa do enclave, mas há receio de que parte dos insumos seja revendida no mercado paralelo com preços abusivos. A distribuição ocorre no primeiro dia da “pausa tática” anunciada por Israel, que suspendeu temporariamente ataques para permitir o envio de ajuda.
O Exército israelense informou que três regiões de Gaza foram incluídas no plano de entrega de mantimentos: além da Cidade de Gaza, os caminhões também passaram por Deir al-Balah, no centro, e al-Mawasi, no sul. A pausa humanitária de hoje está programada para durar até as 20h no horário local (14h em Brasília).

A ajuda não se limitou ao transporte terrestre. Vídeos divulgados pelas Forças de Defesa de Israel mostram alimentos sendo lançados de paraquedas, incluindo açúcar, enlatados e farinha. Em 2024, um erro em operação semelhante provocou a morte de 12 palestinos afogados, quando os suprimentos caíram no mar.
A situação humanitária é crítica. De acordo com a ONU, um terço da população de Gaza não se alimenta há dias. O Programa Mundial de Alimentos afirmou ter estoque para abastecer os 2,1 milhões de habitantes por três meses, mas reforçou que apenas um cessar-fogo garantiria o acesso seguro aos mantimentos.
Desde a reabertura parcial das fronteiras, em maio, somente 30% da comida necessária chegou ao território palestino. Foram enviadas 22 mil toneladas de insumos, número muito abaixo das 62 mil toneladas estimadas como necessárias. Apenas entre ontem e hoje, seis pessoas morreram de fome, elevando para 133 o total de vítimas da desnutrição desde o início do conflito.
Israel, que entre março e maio bloqueou totalmente a entrada de ajuda, culpa a ONU pela lentidão na distribuição. Na noite passada, uma embarcação do movimento “Flotilha da Liberdade”, que transportava fórmula infantil, remédios e brinquedos, foi interceptada a 75 quilômetros da costa de Gaza. Vinte e uma pessoas de dez nacionalidades foram levadas para território israelense.
🇵🇸🇮🇱 Milhares de palestinos famintos estão a aglomerar-se em torno de camiões de ajuda humanitária no eixo Al-Mouraj, no sul da Faixa de Gaza, tentando desesperadamente garantir comida para as suas famílias no meio de uma fome deliberadamente imposta por Israel. pic.twitter.com/oUfn6IxDNb
— geopol•pt (@GeopolPt) July 26, 2025