Senadores brasileiros chegam aos EUA para tentar barrar tarifaço de Trump

Atualizado em 27 de julho de 2025 às 13:27
Os senadores Teresa Cristina (PP-MS),Fernando Farias (MDB-AL), Marcos Pontes (PL-SP) , Nelsinho Trad (PSD-MS) e Esperidião Amin (PP-SC). Reprodução

Uma comitiva de oito senadores brasileiros está em Washington, nos Estados Unidos, para tentar negociar a revogação ou adiamento da tarifa de 50% imposta por Donald Trump sobre produtos brasileiros. A medida, que entra em vigor em 1º de agosto, pode afetar duramente a economia nacional, especialmente em estados exportadores.

A primeira reunião da missão parlamentar ocorreu neste domingo (27), com objetivo de alinhar estratégias e definir os temas a serem levados às autoridades e empresários norte-americanos.

Coordenada pelo senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, a missão busca abrir canais com o Congresso dos EUA e com representantes do setor produtivo. Estão previstas reuniões com o Brazil-U.S. Business Council, a Câmara de Comércio dos Estados Unidos, congressistas democratas e republicanos, além de entidades da sociedade civil. Trad afirmou que a iniciativa foi aprovada por unanimidade no Senado e busca defender empregos e a parceria comercial entre os dois países.

Enquanto a Casa Branca segue sem estabelecer um canal direto de diálogo com o governo Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin relatou conversas com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. O governo brasileiro, no entanto, reconhece dificuldades em acessar instâncias decisivas da administração Trump. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) propôs o adiamento do início da tarifa, mas Alckmin diz que a prioridade é resolver a questão nos “próximos dias”.

O Secretario de Comércio americano Howard Lutnick. Foto: Reprodução/X

O impacto da medida preocupa estados como São Paulo, onde o governador Tarcísio de Freitas estimou perdas que podem variar de 0,3% a 2,7% no PIB estadual, além da possível eliminação de até 120 mil empregos. Tarcísio foi criticado por setores bolsonaristas por denunciar o impacto da tarifa, enquanto figuras como Eduardo Bolsonaro, foragido nos EUA, pressionam por alinhamento automático ao ex-presidente Trump.

A carta de Trump enviada ao governo brasileiro em 9 de julho já indicava o viés político da tarifa: nela, o republicano critica o STF e classifica como “caça às bruxas” o processo contra Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe. O gesto foi interpretado como retaliação direta ao Judiciário brasileiro e à atual condução institucional do país.

A missão dos senadores brasileiros ocorre em um contexto tenso, em que a política externa brasileira busca reconstruir canais diplomáticos após os desmontes do governo anterior. Com o Congresso dos EUA como única via viável de pressão, o esforço da comitiva mira reverter um tarifaço que une interesses de ultradireitistas americanos, setores protecionistas e aliados do bolsonarismo internacional.