EUA e aliados se preparam para guerra por Taiwan em meio a incertezas e desconfiança

Atualizado em 27 de julho de 2025 às 14:29
Donald Trump, presidente dos EUA. Foto: Buda Mendes/Getty Images

Enquanto realizam os maiores exercícios militares da história da Austrália, os Estados Unidos e aliados intensificam treinamentos com foco claro: dissuadir a China de uma possível invasão a Taiwan. Com 35 mil soldados de 19 países envolvidos na Talisman Sabre 2025, o recado é direcionado a Pequim. O objetivo é mostrar que uma ação militar contra a ilha não enfrentaria apenas os EUA, mas uma coalizão disposta a responder, diz a Reuters.

A movimentação, no entanto, expõe divergências diplomáticas. Embora haja cooperação nos bastidores, nem Austrália, Japão ou Filipinas assumem compromisso formal de defesa em caso de ataque à ilha. Os EUA tampouco têm obrigação legal de intervir, segundo a Lei de Relações com Taiwan de 1979, que garante apenas apoio à capacidade defensiva da ilha.

A pressão americana sobre aliados cresceu nos últimos meses. O governo Trump tenta convencer Austrália e Japão a se comprometerem militarmente, mas ambos resistem. Ao mesmo tempo, medidas protecionistas, como tarifas impostas aos parceiros da Ásia, aumentam o desconforto.

A ex-presidente Tsai Ing-wen, em frente ao Exército de Taiwan, armado pelos EUA. Foto: BBC

Apesar disso, exercícios como o Han Kuang, em Taiwan, e o Kamandag, nas Filipinas, têm contado com envolvimento direto de tropas americanas e observadores de alto escalão. Enquanto isso, países europeus como Reino Unido e França enviam porta-aviões à região, e Alemanha, Canadá e Noruega participam dos treinamentos conjuntos.

A tensão também cresce dentro dos próprios EUA. Há quem defenda a retirada de forças de áreas sensíveis como Okinawa ou mesmo Taiwan, por temor de escalada. Outros avaliam que qualquer recuo seria interpretado pela China como sinal verde para agir.

Pequim, por sua vez, segue aumentando suas operações militares no Pacífico, com porta-aviões operando mais longe da costa chinesa do que nunca. A dúvida, agora, é se o esforço coordenado entre EUA e aliados será suficiente para conter uma ofensiva chinesa — ou se o confronto se tornará inevitável.