
Réu na ação que investiga a trama golpista, o agente da Polícia Federal (PF) Wladimir Matos Soares declarou, em interrogatório remoto ao Supremo Tribunal Federal (STF), que seria “voluntário” caso Jair Bolsonaro (PL) decidisse permanecer no poder após a derrota nas eleições de 2022. A declaração foi feita nesta segunda-feira (29) e repetida ao menos três vezes durante o depoimento.
Wladimir respondia a perguntas do juiz auxiliar Rafael Henrique, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, quando afirmou que estaria disposto a agir se o ex-presidente “decidisse não entregar a faixa” a Lula (PT). O agente explicou que sua participação estaria condicionada a um eventual ato legal do então mandatário e à autorização da PF.

Ao ser questionado por um representante da Procuradoria-Geral da República (PGR), Wladimir detalhou que sua atuação dependeria da decisão da corporação
“Se ele, por vontade dele, resolvesse permanecer no governo, ele acionasse a Polícia Federal, eu entraria nesse acionamento, se a Polícia Federal me demandasse”, afirmou.
O agente também destacou que obedeceria apenas ordens legítimas da instituição. “Porque, se o diretor dissesse ‘não, vocês não vão’, a gente não vai, entende? É o que o diretor da Polícia Federal determinasse naquela época, que ainda não era o diretor atual. Era o diretor antigo”, explicou.
As mensagens mencionadas durante o interrogatório foram enviadas por Wladimir ao então ajudante de ordens de Bolsonaro, Sérgio Cordeiro. Elas estão entre os elementos reunidos pelo STF no processo contra integrantes do núcleo de apoio logístico da tentativa de golpe de Estado.