
Com a sobretaxa de 50% sobre produtos brasileiros prestes a entrar em vigor nesta sexta-feira (1º), o governo Lula (PT) ainda aguarda um sinal do representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, para abrir oficialmente uma rodada de negociações, conforme informações do Globo.
Embora o vice-presidente Geraldo Alckmin tenha mantido conversas com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, autoridades brasileiras avaliam que Greer é a figura central para avançar nas tratativas. Ele esteve recentemente na Suécia, ao lado do secretário do Tesouro, Scott Bessent, negociando com a China.
A expectativa do Planalto é que, com o retorno de Trump e seus assessores aos EUA após viagem à Escócia, haja espaço para retomar o diálogo. A avaliação é que, como a Casa Branca tem fechado acordos com parceiros como Indonésia, Reino Unido, Japão e União Europeia, o Brasil possa ser o próximo na lista.
Nesta semana, o chanceler Mauro Vieira esteve em Nova York, em reunião da ONU sobre a Palestina, e indicou estar disposto a viajar a Washington para uma reunião de alto nível, desde que convidado. O Brasil quer entender o que os EUA estão dispostos a negociar, quais produtos poderiam ser liberados de tarifas e o que está sobre a mesa.
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Entre os temas de interesse brasileiro estão a regulação das big techs — discutida em reunião entre representantes do Departamento de Comércio dos EUA, empresas americanas e Alckmin nesta quarta-feira — e os minerais estratégicos, como nióbio, lítio e terras raras.
No entanto, interlocutores do governo alertam para um ponto específico: o Brasil não aceitará que Jair Bolsonaro (PL) entre na pauta da negociação. Trump já manifestou desejo de atrelar o acordo comercial ao tratamento dado a Bolsonaro pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.
Auxiliares de Lula afirmam que uma eventual conversa entre os dois presidentes exigiria preparação, diante do risco de desrespeito por parte de Trump, como já ocorreu com os presidentes da Ucrânia e da África do Sul, Volodymyr Zelensky e Cyril Ramaphosa.