Estadão diz que bullying de Trump ameaça democracia brasileira: “Internacional golpista”

Atualizado em 1 de agosto de 2025 às 7:14
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Foto: Reprodução

Em editorial publicado nesta sexta-feira (1º), o Estadão afirma que o “bullying” de Donald Trump representa uma ameaça direta à democracia brasileira. O jornal acusa o presidente dos Estados Unidos de liderar uma “Internacional golpista” e de tentar interferir nas eleições de 2026, pressionando pela reabilitação política de Jair Bolsonaro (PL) para transformá-lo em seu “fantoche” na América do Sul:

O Brasil foi atropelado pelos devaneios imperiais de Donald Trump. O presidente americano, como parece óbvio, decidiu interferir diretamente nas eleições brasileiras do ano que vem.

O ataque frontal a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), em particular Alexandre de Moraes, tem como objetivo intimidar o Judiciário brasileiro às vésperas da conclusão do julgamento de Jair Bolsonaro, um trumpista de carteirinha, por tentativa de golpe.

Não é absurdo especular que a ideia de Trump seja pressionar o Brasil a reabilitar o ex-presidente para que ele dispute a eleição de 2026 e, caso vença, seja seu títere na maior economia sul-americana. Com isso, o presidente americano tiraria o Brasil da órbita chinesa e fortaleceria o que já podemos chamar de “Internacional Golpista”, isto é, o conjunto de países democráticos que, liderados pelos EUA, estão emasculando instituições e atropelando limites morais e legais em nome de projetos autoritários de poder.

No grande jogo de Trump, portanto, Bolsonaro não é ninguém senão um idiota útil para seus propósitos imperialistas. O presidente americano, como até as colunas gregas da Casa Branca sabem, não tem amigos, apenas interesses – e é em nome desses interesses que Trump está jogando no lixo dois séculos de relações amistosas com o Brasil. (…)

(…) O espanto do mundo diante de tanta truculência é exatamente o efeito que Trump está buscando: ao tratar um país democrático do tamanho do Brasil como quem dá um peteleco num mosquito, o presidente americano está querendo deixar claro que pode tudo e que não há limites, no mundo civilizado, que possam pará-lo.

Está claro que o Brasil está diante de um dos maiores desafios de sua história: manter sua integridade diante do descomunal “bullying” dos EUA, que até pouco tempo atrás eram o porto seguro das democracias, e hoje são seu algoz. Se temos orgulho da nossa democracia, ainda que imperfeita, temos o dever de protegê-la desses liberticidas. E a primeira providência a tomar é banir da vida pública os golpistas brasileiros que ora estão mancomunados com Trump para sabotar o Brasil, razão pela qual os processos em curso no Supremo devem seguir adiante, sem qualquer constrangimento, ao mesmo tempo em que a Câmara deve cassar o mandato do deputado Eduardo Bolsonaro, a vanguarda dos inimigos do Brasil que estão atuando nos EUA para prejudicar o País.