Considerando as últimas pesquisas e os mais recentes indicadores econômicos, a situação política parece cada vez mais favorável para a reeleição do presidente Lula.
A pesquisa Atlas Intel divulgada nesta quinta-feira revela um cenário que ninguém imaginava há poucas semanas: se as eleições fossem hoje, Lula venceria as eleições presidenciais de 2026 já no primeiro turno, com 51,5% dos votos válidos.
Tarcísio de Freitas, seu principal adversário, aparece com 35,0% dos votos válidos, uma diferença confortável de 16,5 pontos percentuais em favor de Lula.
Em votos totais, Lula teria 48,5%, contra 33% para Tarcísio. Todos os outros candidados teriam menos de 4%, o que mostra um eleitorado com opinião bastante consolidada. Ciro Gomes, que chegou a pontuar aproximadamente 10% em algumas pesquisas, agora tem menos de 3%.
Os ataques de Trump ao Brasil criaram uma onda nacionalista que pegou muito mal para a direita e tem esvaziado o bolsonarismo.
O que talvez esteja sendo ainda mais importante para esse novo favoritismo de Lula é a melhora expressiva nos fundamentos econômicos.
Além disso, a questão das tarifas teve um final feliz para o Brasil – e triste para os bolsonaristas.
Para a ultradireita, o resultado foi duplamente negativo: de um lado, ficaram com a pecha de traidores da pátria, entreguistas, sabujos dos Estados Unidos, e de outro, de incrivelmente burros e incompetentes, porque tentaram de tudo para prejudicar o Brasil e apenas conseguiram atirar em seus próprios pés.
Eduardo Bolsonaro terá que ficar longe do país, e de qualquer pretensão de ocupar cargo público, por muitos e muitos anos, e a situação jurídica de seu pai agora está bem pior do que antes. A capivara judicial de Jair, que já era enorme, passou a incluir o envolvimento em tentativa de obstrução de justiça, traição ao país e mais atentados contra nossas instituições.
Lula, por sua vez, emergiu da crise como um gigante diplomático e um heroi do Sul Global.
Diferentemente das lideranças da Europa, Japão, entre outros, que se deixaram humilhar, o presidente Lula não recuou, não demonstrou fraqueza, e ao final obteve um acordo melhor do que muitos outros países.
O Brasil passou ao mundo a imagem de um país que preza a sua independência política e a sua soberania, o que tem sido motivo de muito orgulho para todos os povos do mundo.
Pelo que se sabe até o momento, apenas 36% das nossas exportações permanecerão tarifadas pelos EUA, mas é provável que Trump ainda recue em outros itens como café e carnes, pois a incidência de tarifas sobre estes itens pode gerar muita inflação para o setor de alimentos nos Estados Unidos. Os americanos não tem como substituir nem nosso café nem nossa carne por produtos de outras origens.
Nunca é demais lembrar que essas tarifas de Trump constituem a mais imbecil, irracional e autodestrutiva iniciativa econômica já tomada por um país na história do mundo. Elas trazem prejuízo financeiro devastador para empresas americanas, inflação para os consumidores e enorme isolamento diplomático, comercial, geopolítico, para os Estados Unidos.
Os setores tarifados, por sua vez, já receberam a promessa do governo brasileiro de financiamento e ajuda diplomática para encontrar outros mercados.
Sobre os fundamentos econômicos, vamos discorrer mais adiante, mas podemos adiantar que todos os dados estão melhorando – emprego, renda, inflação e situação fiscal -, para a eterna “surpresa” da Faria Lima e da grande mídia.
Lula com aprovação em alta enquanto Trump despenca
Enquanto o Brasil vive um momento de otimismo político e econômico, os Estados Unidos entraram numa das fases mais sombrias de sua história.
Os dados de aprovação presidencial revelam trajetórias que espelham os diferentes climas políticos.
A aprovação do presidente Lula apresenta uma trajetória de melhora contínua. Segundo a Atlas Intel, de março de 2025 até julho de 2025, a aprovação presidencial saltou de 44,9% para 50,2%, um crescimento de 5,3 pontos percentuais em apenas cinco meses.
Do outro lado do continente, Donald Trump experimenta o movimento contrário. No mesmo período em que Lula consolidava sua recuperação, o prestígio do presidente americano despencava de 50,1% em janeiro de 2025 para 44,3% em julho de 2025, uma queda de 5,8 pontos percentuais.
Outro dado interessante da pesquisa Atlas Intel divulgada hoje foi o esvaziamento da preocupação dos brasileiros com três grandes problemas nacionais: corrupção, criminalidade e economia.
Os números que sustentam o otimismo
O mercado de trabalho vive seu melhor momento em décadas.
No segundo trimestre de 2025, a população desocupada recuou 17,4% em relação ao trimestre anterior, caindo para 6,3 milhões de pessoas ao final de junho. Isso significa que, em apenas três meses, 1,3 milhão de pessoas saíram da condição de desempregados.
Em relação ao mesmo trimestre do ano anterior, a queda no desemprego foi de 15,4% (menos 1,1 milhão de pessoas).
Com isso, o desemprego no Brasil caiu para 5,8% o menor índice da série histórica do IBGE.
Paralelamente, o número de pessoas ocupadas cresceu de 99,8 milhões em junho de 2024 para 102,3 milhões em junho de 2025, um aumento de quase 2 milhões de novos postos de trabalho.
A renda real do trabalhador brasileiro apresenta trajetória de crescimento contínuo. A renda média real cresceu de R$ 3.074 em dezembro de 2022 para R$ 3.369 em junho de 2025, um crescimento de 9,6%, já descontada a inflação.
A inflação, por sua vez, permanece sob controle.
O IPCA-15, indicador de inflação do IBGE, ficou em apenas 0,33% em julho de 2025, o que é um percentual baixo para um mês.
Se todos os meses tivessem inflação de 0,33%, a inflação em 12 meses seria de 4,05%, abaixo do teto da meta da política econômica do Brasil, que é de 4,5%. Hoje, o acumulado nos últimos 12 meses, segundo o IPCA-15, está em 5,3%.
Um destaque especial deve ser dado para os alimentos consumidos em domicílio, cujos preços tiveram queda de 0,40% em julho, o terceiro recuo consecutivo.
No campo fiscal, os resultados também surpreenderam positivamente. O governo federal registrou superávit primário de 0,15% do PIB, no acumulado de 12 meses até junho, esvaziando a campanha de terrorismo fiscal que as viúvas de Paulo Guedes vem promovendo desde o início do governo Lula 3.
Ao contrário do que vem fazendo a Argentina de Milei, essa melhora nas contas públicas não veio através de cortes drásticos em investimentos ou programas sociais, mas sim do crescimento na arrecadação impulsionado pela maior atividade econômica e formalização do mercado de trabalho.
O resultado nominal do setor público consolidado, que inclui o pagamento de juros da dívida pública, vem apresentando melhora consistente desde o início do ano, com o déficit caindo de 8,09% em janeiro para 7,3% em junho, no acumulado em 12 meses.
A importância da robustez fiscal não pode ser subestimada, porque ela abre portas para mais investimentos públicos e privados ao longo dos próximos anos, além de oferecer uma vitrine importante para a campanha eleitoral de Lula em 2026.
Todos esses indicadores ajudam a explicar a recuperação da aprovação presidencial e a melhora das perspectivas eleitorais da frente ampla democrática.
De certa forma, alguns indicadores econômicos me parecem ainda mais importantes do que pesquisas de intenção de voto, porque são fundamentos sólidos, que dificilmente serão abalados por turbulências políticas menores ou pressões externas.