Ministro de Israel gera crise ao orar em templo islâmico para humilhar palestinos

Atualizado em 4 de agosto de 2025 às 10:38
Ministro israelense Itamar Ben Gvir realiza oração pública na Esplanada das Mesquitas em Jerusalém Oriental – Foto: Reprodução

O ministro da Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, causou uma crise diplomática neste domingo (3) ao realizar uma oração pública na Esplanada das Mesquitas, em Jerusalém Oriental — local considerado sagrado tanto por muçulmanos quanto por judeus. A ação rompeu um acordo firmado entre Israel e Jordânia que proíbe orações judaicas no complexo.

A visita de Ben Gvir, acompanhado por colonos israelenses, ocorreu durante o Tisha B’Av, data de jejum no calendário judaico em memória da destruição dos antigos templos judaicos. Esta foi a primeira vez que um ministro israelense realizou uma oração pública no local. O gesto foi classificado por autoridades palestinas e por veículos de imprensa como provocação.

O complexo religioso abriga a mesquita de Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do Islã, conhecido entre muçulmanos como Haram al-Sharif. Para os judeus, o local corresponde ao Monte do Templo, onde teriam existido os dois templos sagrados destruídos na Antiguidade. A região foi ocupada por Israel em 1967 e está sob administração religiosa da Jordânia, conforme acordo de paz assinado em 1994.

Ben Gvir afirmou, durante a visita, que a presença judaica no local demonstra soberania e sugeriu que a mesma lógica deveria ser aplicada à Faixa de Gaza, defendendo sua “conquista total” e a “emigração voluntária” de palestinos.

Diversos países reagiram negativamente. A Jordânia, a Autoridade Palestina, a Turquia e a Arábia Saudita classificaram a ação como escalada perigosa. O Ministério das Relações Exteriores turco denunciou a entrada de autoridades israelenses no local sagrado, escoltadas por forças de segurança e acompanhadas de colonos.

A visita ocorre em um momento de crescente pressão internacional sobre o governo de Benjamin Netanyahu, acusado de negligenciar a crise humanitária em Gaza. Após o episódio, Netanyahu declarou que a política israelense de manutenção do “status quo” no Monte do Templo permanece inalterada.

Ben Gvir já havia visitado a Esplanada em 2023, sem realizar orações públicas. Desta vez, a quebra explícita do acordo agrava tensões regionais e ameaça comprometer negociações para um cessar-fogo.