Ações dos filhos de Bolsonaro levaram à prisão do pai, mostra decisão do STF

Atualizado em 4 de agosto de 2025 às 20:15
Carlos, Flávio e Eduardo Bolsonaro com o pai, Jair: parabéns, rapazes

A decisão do ministro Alexandre de Moraes que impôs prisão domiciliar com tornozeleira eletrônica ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) nesta segunda-feira (4) aponta que o ex-presidente tentou obstruir investigações e conspirou para invalidar as eleições de 2022.

As principais provas desta conduta, chamada por Moraes de “modus operandi criminoso”, foram as publicações dos filhos Eduardo, Carlos e Flávio em suas redes sociais, que serviram como tentativa de “burla da Justiça”, como definiu Moraes, que completou, em letras maiúsculas e cinco pontos de exclamação: “A JUSTIÇA É CEGA MAS NÃO E TOLA!!!!!”.

Alexandre de Moraes faz uso de letras maiúsculas para informar que Jair Bolsonaro não irá burlar a Justiça brasileira (crédito: STF)

Flávio Bolsonaro, senador pelo PL-RJ, aparece na decisão como elo entre o pai e o ajudante de ordens Mauro Cid, numa tentativa de manipular as investigações. Já Eduardo Bolsonaro, deputado federal, é citado como articulador de sanções internacionais contra autoridades brasileiras, em especial Alexandre de Moraes. O ministro afirma que as ações de Eduardo nos EUA configuram “atentado à soberania nacional”, fato inédito e determinante para a gravidade das medidas impostas.

Os filhos do ex-presidente operaram em sentidos distintos, mas com consequências convergentes: todos agravaram o cerco jurídico ao pai. Flávio, ao intermediar contatos com suspeitos para conter delações e, principalmente, ao colocar o pai na cena do crime (ainda que por meio de vídeo espalhado nas redes sociais), qual seja, uma manifestação pedindo a prisão de Moraes durante um ato público no Rio de Janeiro no último domingo (3). Veja trecho da decisão, abaixo.

Postagem de Flávio Bolsonaro foi principal motivo que levou á decretação da prisão domiciliar de Jair Bolsonaro (credito: STF)

Moraes deixou bem claro em sua decisão como a postagem do filho Flávio levou à desgraça do pai:

“Agindo ilicitamente, o réu Jair Messias Bolsonaro se dirigiu aos manifestantes reunidos em Copacabana, no Rio de Janeiro, produzindo dolosa e conscientemente material pré fabricado para seus partidários continuarem a tentar coagir o Supremo Tribiunal Federal e obstruir a Justiça, tanto que, o telefonema com seu filho, Flávio Nantes Bolsonaro, foi publicado na plataforma Instagram.”

É bem verdade que Flávio Bolsonaro, após ouvir seus advogados, apagou o conteúdo criminoso publicado, mas de nada adiantou. A Justiça estava atenta. Veja, abaixo, trecho da decisão sobre essa tentativa de ardil.

Flávio Bolsonaro tentou omitir o descumprimento de ordem judicial, mas de nada adiantou (crédito: STF)

Ainda na mesma decisão, Moraes destacou a ação conjunta entre os familiares de Bolsonaro e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para fazer uso de sanções econômicas a um país inteiro unicamente para livrar da Justiça o chefe do clã. Veja trecho.

Ações integradas entre os Bolsonaro e Donald Trump não passaram despercebidas pelo STF (crédito: STF)

Finalmente, o filho de Jair e vereador carioca Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) também deu sua parcela de contribuição para a prisão domiciliar do pai, conforme se vê em outro trecho da decisão de Moraes desta segunda-feira. Veja.

Carlos Bolsonaro também contribuiu para a prisão de seu pai (crédito: STF)

Com uma familia dessas, quem precisa de inimigo?