As reações e choros de aliados após Moraes decretar prisão domiciliar de Bolsonaro

Atualizado em 4 de agosto de 2025 às 21:31
Jair Bolsonaro chorando em culto. Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de decretar a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) gerou revolta imediata entre parlamentares e dirigentes partidários, especialmente do campo bolsonarista. O despacho foi emitido na noite desta segunda-feira (5), após Moraes entender que Bolsonaro violou as medidas cautelares anteriormente impostas, ao participar, ainda que virtualmente, de manifestações em sua defesa realizadas em Copacabana, no Rio de Janeiro, e na Avenida Paulista, em São Paulo.

A ordem de prisão domiciliar, que inclui uso de tornozeleira eletrônica, proibição de visitas (exceto familiares e advogados), entrega de passaporte e apreensão de celulares, foi considerada por aliados como uma medida extrema, tomada antes da conclusão do processo em que o ex-presidente é investigado por tentar obstruir a Justiça e desestabilizar as instituições democráticas.

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) teve uma reação típica da família ao saber da decisão. Ao ser informado pelo âncora de que Moraes se baseou na publicação de Flávio em suas redes, transmitindo imagens do pai, ele reagiu com um explícito “Puta que pariu”.

“Estou inconformado. O que mais posso dizer?”, resumiu o presidente do PL, Valdemar Costa Neto.

O líder do partido na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), classificou o episódio como um marco negativo para a democracia. “Hoje a história registrou: acabou a democracia no Brasil. Eleição sem Bolsonaro é golpe”, afirmou. Em outra publicação, acrescentou: “O que mais falta acontecer? Tentaram matá-lo. Perseguiram sua família. Proibiram-no de falar. Agora o trancam dentro da própria casa, como um criminoso. Isso não é justiça, é vingança política”.

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos responsáveis pela decisão de Moraes, também se manifestou. “Corrupção? Rachadinha? Não. Seus filhos postaram conteúdo dele nas redes sociais”, escreveu, referindo-se à alegação de Moraes de que Bolsonaro utilizou perfis de terceiros para contornar a proibição de uso de redes sociais. No domingo, o parlamentar discursou para seguidores na Avenida Paulista enquanto conversava em videochamada com Bolsonaro.

Veja o momento em que Nikolas ajuda Bolsonaro a descumprir a decisão de Moraes:

Domingos Sávio (PL-MG), vice-líder do partido na Câmara, afirmou que a medida corresponde, na prática, a uma prisão integral. “É grave. Por decisão monocrática, um ex-presidente é preso antes de ser condenado. É inédito e o Congresso Nacional precisa reagir para coibir excessos do Supremo Tribunal Federal”.

Segundo ele, o PL irá pressionar o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para pautar a proposta de anistia a Bolsonaro.

O senador Carlos Portinho (PL-RJ) foi mais direto e defendeu o impeachment de Moraes: “Democracia não é! Vamos alcançar as 5 assinaturas do pedido de impeachment que nos dará a maioria. É necessário! É urgente!!!”.

Ex-ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro e atual presidente do Progressistas, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou que a decisão representa um dia difícil para o país. “A prisão domiciliar do presidente, antes mesmo de um julgamento, é um fato jurídico com o qual ninguém pode concordar”.

Reações da esquerda

A oposição ao bolsonarismo, por outro lado, defendeu a decisão de Moraes. O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), considerou a medida acertada. “Ele não tinha jeito. Ele ia ficar descumprindo, provocando o tempo inteiro. Então acho que a decisão é uma decisão correta”.

A deputada Duda Salabert (PDT-MG) também celebrou a medida. “Moraes decreta prisão domiciliar de Jair Bolsonaro. A história cobra. A democracia resiste. E quem atentou contra ela começa a pagar”.

Na decisão, Moraes destacou que Bolsonaro “preparou material pré-fabricado para divulgação nas manifestações e redes sociais”, utilizando perfis de filhos e aliados políticos. Para o ministro, a ação teve “claro conteúdo de incentivo e instigação a ataques ao STF”, em “flagrante desrespeito” às restrições judiciais.

Moraes afirmou ainda que o ex-presidente demonstrou “completo desrespeito” às determinações da Corte e que, por isso, foi necessário adotar medidas “mais gravosas”.